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Os Amigos de Caminhada!

O CAMINHO TRANSPESSOAL




por Simone Mascarenhas


"Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que,
não sei onde,  para resgatar alguma coisa 
que nem sei o que é, e nem onde perdi." 
- Clarice Lispector  


Estamos sempre insatisfeitos com alguma coisa. Tem sempre algo fora do lugar na nossa vida, permanecemos eternamente esperando algo acontecer e esquecemos de viver. Somos assim. Há sempre uma busca, uma ânsia interior, uma inquietação que não sabemos exatamente o que é. Temos a impressão de que falta algo - e falta mesmo. Falta a conexão com o lado sagrado da vida, com nosso Eu Divino, com a dimensão espiritual da existência.
Não se trata apenas de intercâmbio com a vida do mundo sutil, de amparo espiritual, de frequentar igrejas ou templos, de se ligar a crenças e a dogmas. Não se trata de ler e estudar as muitas manifestações e interpretações da divindade.
Devoramos dezenas de livros numa busca frenética por conhecimento espiritual e ainda permanecemos inquietos com a sensação de que nunca será o suficiente, de que sempre haverá algo mais para ler e estudar. Buscamos a espiritualidade em livros, em grupos, na alimentação, na natureza, em muitos outros lugares. Buscamos desesperadamente nos conectar com algo que aparentemente está fora de nós. Lá fora há apenas máscaras de Deus. Apenas representações, apenas rituais, apenas símbolos. Esquecemos que o Eu Verdadeiro, que a sacralidade da existência não está lá fora, mas num templo interior, silencioso, aguardado pacientemente pelo momento de emergir e abençoar a nossa vida de felicidade, de paz, de sabedoria. Uma fonte de amor inesgotável.
Esse Eu Divino - o Deus em nós - sabe esperar. Nos concede livre-arbítrio para fazermos as trapalhadas que quisermos em nossa vida, pois Ele tem tempo. Para Ele, o tempo não existe. Ele apenas aguarda o chamado, a permissão, a entrega.
Enquanto não permitimos Sua manifestação - porque somos nós que não permitimos - o que fazemos? Cultuamos sofrimento, acalentamos nossas dores e arrastamos pela vida um rosário de culpas e mágoas sem fim. Fabricamos medos e dúvidas, criamos um tormento atrás do outro. E temos uma criatividade infinita. Criamos dezenas de encarnações de dor e sofrimento. Somos sempre as vítimas e os heróis do nosso mundo insano. Cuidamos e nutrimos essa nossa vítima como ninguém.
Vivemos a eras em um pequeno mundo, cheio de dúvidas, de escolhas, de divisão, de sombras e de escuridão. O mundo sofrido do ego, de provas, de carma, de lutas e de escassez. Maya - a ilusão. Uma ilusão persistente - mas uma ilusão. Mas como remover o véu? Como entrar no mundo de abundância da Alma, no Universo de Bênçãos que nos aguarda? Somos mesmo co-Criadores do Universo? Podemos criar uma realidade diferente em nossa vida? Quando entendermos que não é o ego quem cria abundância, alegria e amor infinito - mas a Alma, aí poderemos. Certamente poderemos.
Nosso ego não cria? Sim, e até certo ponto coisas boas também. Mas na maioria da vezes cria apenas dor, sofrimento e situações absurdas. Cria problemas, cria discórdia, cria divisão, pelo simples fato de que "ou é do jeito dele ou não tem acordo". Cria tristes realidades pelo simples fato de que é mestre em pensar em problemas, e a força criativa do Universo é o pensamento. Mas, para criar a vida de felicidade infinita que tanto desejamos, precisamos abrir mão desse ego teimoso e essa é a parte mais difícil.
O caminho para o Deus interior é a entrega, é estar à serviço, é o "seja feita a Vossa Vontade". Entregar a vida nas mãos de Deus quer dizer abrir mão do ego. Leio as sábias palavras de Francisco de Assis -"é morrendo que se vive para a vida eterna" - como apenas matando a insaciável vontade do ego abriremos o caminho para nossa Divindade se manifestar. Mas o ego quer que o Eu Divino se manifeste nas condições dele, porque tem medo desse morrer, tem medo de sucumbir à vontade da Alma. É difícil abrir mão do controle quando sabemos direitinho como Deus deve fazer as coisas.
Só nos dirigimos à nossa Divindade pedindo. Estamos sempre com as mãos estendidas sofrendo, suplicando ajuda, e queremos que nos atenda exatamente do modo que pedimos. Queremos que a nossa família aja assim, que o meu companheiro se comporte assado, que um filho não se meta em encrencas, que as pessoas nos respeitem, que não nos magoem, queremos sempre um trabalho melhor, uma casa melhor, um carro melhor, enfim, sempre queremos algo melhor. Se tudo correr bem, as coisas estarão sob controle. Se as pessoas fizerem as coisas do jeito que eu quero ou espero, estará tudo bem. Eu estarei bem. Não nos passa pela cabeça abrir mão do controle, ou melhor, do controle que achamos que temos. Não passa pela nossa mente permitir que o Deus interior direcione a nossa vida. E enquanto pensarmos assim, a impermanência da vida nos dará duras lições de desapego. E nos voltaremos novamente à Deus suplicando para que as coisas sejam diferentes. É por isso que morremos. É por isso que nossos entes queridos se vão. Para nos dar lições, para entendermos que somos eternos, e que há um véu encobrindo os olhos do ego nos impedindo de ver a verdadeira dimensão do ser - a dimensão espiritual.
A eterna busca tem fim. Conectar-se com o Deus interior é voltar para casa. É fazer o caminho transpessoal. Não é preciso morrer para voltar para casa. Precisamos apenas permitir que a sabedoria inerente à nossa condição de seres eternos se manifeste e direcione a nossa vida.
Você quer ter controle ou quer ser feliz?

SIMONE MASCARENHAS - Psicoterapeuta Transpessoal.

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