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Os Amigos de Caminhada!

A produção e a comercialização da água engarrafada é insustentável.

 
Esta data internacional foi criada em 1992 com o objetivo de alertar a população sobre a importância da preservação da água para a manutenção de todos os ecossistemas no planeta.

Para isso, todos os anos o Dia Mundial da Água aborda um tema específico sobre este recurso natural de extrema e absoluta importância para a existência da vida. 

             Este ano o tema escolhido foi: “Águas subterrâneas: Tornando o invisível visível”. 

                            (https://www.calendarr.com/brasil/dia-mundial-da-agua/)

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22 de Março, Dia Mundial da Água – Nada a Celebrar

Por Franklin Frederick 

Hoje, 22 de Março, dia Mundial da Água, não temos nada a celebrar. 

Segundo um estudo da  Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas - ABIR - o consumo de água mineral no Brasil foi de 59,65 litros em 2020, depois de um pico de 62,8 litros por habitante em 2015. Em queda desde aquele ano, o consumo de água mineral voltou a crescer em 2020. (https://abir.org.br/o-setor/dados/aguas-minerais/)

Os lucros do setor encorajam o acaparamento (entesouramento) das reservas subterrâneas de água pelas empresas engarrafadoras, levando a uma gradual privatização dos aquíferos. Por outro lado, o consumo de água engarrafada produz uma enorme quantidade de lixo plástico – sobretudo PET – gerando mais poluição e mais contaminação.  

Segundo a reportagem da Agência Pública mencioada acima, os pesticidas são um dos maiores responsáveis pela contaminação das águas subterrâneas. Faz parte da lógica do capitalismo ter incorporado à produção de alimentos os danos ambientais e a contaminação da água.

As grandes empresas engarrafadoras de água são as que mais lucram com a lógica desta economia da destruição. As multinacionais, por outro lado, tem todo o interesse na redução do setor público de distribuição de água, que garante o acesso da população à água da torneira  de boa qualidade. Deste modo, estas empresas atuam na vanguarda da privatização das empresas públicas de água.  

Para aumentar a pressão política pelo acesso destas empresas às águas subterrâneas em diversos países, por um lado, e fazer o lobby pela privatização da água por outro, as multinacionais engarrafadoras de água se organizaram no Water Resources Group – WRG -  (www.2030wrg.org), criado com o apoio do Banco Mundial e da Agência para o Desenvolvimento e a Cooperação da Suíça (SDC da sigla em inglês).

IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL

A realidade do aquecimento global se mostra cada vez mais dramática em todo o planeta. Segundo a organização ‘Climate Scorecard’ por exemplo:

“Na Sibéria, a escala dos incêndios florestais acabou sendo maior do que no resto do mundo para o ano 2021. A região foi envolvida em mais de 170 incêndios: o fogo destruiu mais de 20 mil quilômetros quadrados de floresta, o que excedeu em 10 vezes os danos causados pelo incêndio de Dixie na Califórnia. Os incêndios na Sibéria em 2021 foram mais fortes do que os incêndios combinados na Grécia, Turquia, Itália, Estados Unidos e Canadá”.

Além dos incêndios , o aquecimento global também contribui para aumentar a frequência e a intensidade de inundações.

Além de ameaçar as reservas de água subterrâneas, a indústria da água engarrafada contribui significativamente para o próprio  aquecimento global pela produção das garrafas PET – que utilizam derivados do petróleo para sua fabricação– e pelo transporte das garrafas de água, na imensa maioria dos casos utilizando caminhões e cosumindo mais combustíveis de origem fóssil. 

EM DEFESA DAS EMPRESAS PÚBLICAS DE ÁGUA

A alternativa a esta exploração sem limites das reservas de água subterrâneas e à consequente produção desenfreada de poluição por garrafas PET é, claro, "a manutenção das empresas públicas de saneamento e de distrubuição de água". O fortalecimento destas empresas e sua expansão é a melhor modo de garantir o acesso a água. 

Em sua defesa, as multinacionais da água engarrafada promovem, muito bem ,a continuidade de suas atividades, contando, inclusive, com o apoio de respeitáveis ONGs.  

PROPOSTA PARA ELIMINAR O COMÉRCIO DA ÁGUA ENGARRAFADA

A produção e a comercialização da água engarrafada é insustentável. É apenas a  transferência de seus impactos econômicos e ambientais para a sociedade como um todo que  mantém os lucros das empresas engarrafadoras. 

Por outro lado, dado o atual estado de extrema  contaminação da água em muitos paises, é impossível exigir a supressão imediata deste comércio. Mas é possível a elaboração de um plano internacional que almeje à eliminação gradual do consumo de água mineral, ao mesmo tempo em que se aumente os investimentos na expansão e melhoria dos serviços públicos de água em todo o mundo. O Brasil, pela importância de suas reservas de água, é o país com mais condições de levar adiante esta proposta.  

Poderia começar a discussão de um tal plano com os governos da Europa Ocidental - da Suíça, em particular - onde a água engarrafada é um luxo, pois todos possuem excelentes sistemas de distribuiçâo de água.

Governos como os da França, da Alemanha, da Suíça e dos países escandinavos, dentre outros na Europa, têm todos também manifestado sua preocupação com a mudança climática. 

Um plano para eliminar a produção e comercialização de garrafas PET de água mineral tem o duplo benefício de:

 - Contribuir para a proteção das reservas de água subterrânea.

 - Contribuir para a redução do uso de combustíveis fósseis utilizados na produção e no transporte da água engarrafada.

Se, por um lado, esta proposta de redução  no uso de combustíveis fósseis estaria ainda longe de ser o necessário para conter o aquecimento global, por outro lado é uma medida POSSÍVEL  de ser tomada HOJE, com um custo mínimo político, econômico e social para os países envolvidos. Pois se países como a França, a Alemanha e a Suíça não puderem eliminar a produção e a comercialização de garrafas de água mineral em seus próprios territórios – o que praticamente não teria impacto sobre suas sociedades – como podemos esperar que outras medidas em relação à mudança climática, com custos sociais, econômicos e políticos muito mais elevados, possam ser tomadas um dia?

Ao mesmo tempo, cabe exigir destes países que aumentem suas contribuições para o desenvolvimento, trasferindo recursos financeiros e tecnológicos para as empresas públicas de água dos países que o necessitem.

É uma proposta modesta, mas é um começo e é factível. Fica aí a sugestão.

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https://www.brasil247.com/blog/22-de-marco-dia-mundial-da-agua-nada-a-celebrar

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Mais artigos sobre a água:

https://www.brasil247.com/blog/a-agua-e-as-novas-potencias-coloniais-ou-um-conto-de-muitas-cidades

https://www.brasil247.com/blog/nestle-considera-vender-as-duas-marcas-de-agua-engarrafada-nos-eua-e-no-canada-o-que-esta-por-detras-desta-manobra

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