O DESPERTAR PARA AS LEIS DA ALMA
Enquanto a humanidade evoluiu, desenvolveu um grande fascínio sobre as leis.
Cada aspecto da vida diária é, agora, regido ou organizado por leis, regulamentos e regras de algum tipo de complexidade crescente.
E como a mente humana tem despertado para a natureza global da humanidade, leis foram criadas para organizar o fluxo da vida em todo o mundo.
A última tentativa de Direito global pode ser visto no esforço em curso para o acordo sobre um conjunto de leis para reger a qualidade de todo o ambiente do planeta.
Mas de onde vem esse fascínio pela lei? É um impulso que nascemos com ele? Está programado em nosso DNA?
Talvez. Obviamente, é um impulso que surge, espontaneamente, a partir de nossa consciência. Se vemos algo errado, queremos consertá-lo; queremos justiça, quando confrontamos com a injustiça, queremos levar harmonia ao conflito.
Há algo profundo na natureza humana que se parece com o direito de construir uma vida ordenada e segura.
Não costumamos pensar no amor como uma lei. No entanto, é. Não parece ser uma lei humana, mesmo que tenha sido dito por Cristo há dois mil anos. Mas é uma lei que a humanidade responde e obedece facilmente, e de bom grado. Os ensinamentos espirituais, é claro, referem a ela como a grande lei de Deus. Deus é amor.
Deus nos outorga esse poder do amor. Mas, no processo de outorga há um estágio intermediário vital entre Deus e Sua criação que está "mais perto de nós do que as mãos e os pés" - a alma humana.
A alma é esse reflexo planejado do Ser divino que nos dá a consciência da vida e vitalidade. E desde que a alma responde às leis de Deus ela, por sua vez, concede-nos o impulso da lei.
Assim, quando espontaneamente criamos leis e regulamentos estamos, simplesmente, respondendo a um impulso que vem de dentro de nós, da alma.
Se esse impulso, por exemplo, exorta-nos a aplicar a energia de boa vontade ao lidar com uma situa ção de conflito, a fim de melhorar as relações, então é a alma que fala através de nós, como uma "voz do silêncio". Ela nos dá o poder edificante para substituir a nossa natureza mais belicosa.
Há muitas outras leis de Deus que também se tornaram leis da alma, que se tornaram impulsos aos quais, voluntariamente, respondemos em nossa vida diária. Serviço é uma dessas leis.
Servir desinteressadamente é uma qualidade fundamental da alma; esse impulso é, por sua vez, passado à sua expressão exterior - a personalidade humana. O desejo de servir ao próximo, de forma abnegada, sem recompensa, é muito forte em alguns, menos em outros.
Como respondemos a esses impulsos da alma depende, em grande parte, onde o nosso foco de consci ência está.
Está a nossa reação tingida e condicionada pelas emoções e sentimentos, ou a nossa mente está exer cendo uma forte influência sobre nossas ações?
Em escritos esotéricos, serviço é definido como "o efeito espontâneo do contato com a alma". É um contato tão definido e forte que a vida da alma transborda para a expressão da personalidade exterior.
Quando tal impulso forte para servir está presente, ele é expresso como uma diretiva de vida, que molda a vida em torno deste desejo profundo e íntimo. Ele ou ela age mais como uma alma do que uma personalidade separada.
Uma pessoa pode sentir um desejo de servir, mas também pode querer algum reconhecimento por seu serviço. Nem sempre acontece assim com atos de serviço mais espontâneo. Seja egoísta ou altruísta, ambos reagem a Lei do Serviço, mas com motivação diferente.
De maneira semelhante, serviço está relacionado a outra Lei da Alma - a Lei do Sacrifício.
Sacrifício é "o impulso de dar". A capacidade e a disposição de sacrificar chegam muito naturalmente para a maioria dos seres humanos. Podemos pensar que a nossa vontade de fazer pequenos sacrifícios para a nossa família, entes queridos e amigos é uma qualidade que se origina na natureza de nossa personalidade.
Mas, como acontece com a Lei do Amor, ela origina não apenas na alma mas, principalmente, na Própria Divindade. A alma, sendo uma cumpridora da lei, prontamente dá de si mesma para ajudar ainda mais o grande plano de redenção que o Criador está desenvolvendo na terra.
Esse impulso de "se dar" desinteressadamente ao sacrifício é repassado, através da alma, para a vida da personalidade, e surge como pequenos gestos e atos, por vezes significativos, de sacrifício que os seres humanos fazem todos os dias.
A coisa importante sobre o impulso de amor, serviço e sacrifício é que eles representam a prova da existência da alma. Estes impulsos não se originam nas células do cérebro. A fonte originária encontra-se fora do corpo físico, para além das dimensões espirituais da alma.
Os impulsos espirituais (Leis) filtram-se através da mente e são, em seguida, processados pelas células do cérebro e realizados na vida da personalidade como amor, desejo, serviço e uma vontade de dar, espontaneamente, de nós mesmos e de nossa riqueza material, quando necessário. Esses impulsos são "evidência das coisas não vistas".
Quanto mais a mente desperta e torna-se sensível às energias mais sutis da mente superior, mais somos sensíveis à alma sempre presente.
E cada vez mais as qualidades da alma e as Leis governam o que pensamos, fazemos e dizemos. Na verdade, nos tornamos cumpridores da lei, no sentido espiritual, tanto como estamos no mundo do plano físico.
E há fortes indícios de que a humanidade está respondendo, extensivamente, a essas Leis espirituais.
Elas são os impulsos profundos, por trás da motivação, para criar a Organização das Nações Unidas e as inúmeras agências de serviço da ONU (como a Organização Mundial de Saúde, a Organização da Alimentação e Agricultura, a UNICEF, a Agência de Refugiados), e para escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração dos Direitos da Criança. A ONU também negociou o Tratado do Mar, que regula e protege as linhas de navegação, os minerais dos fundos marinhos, e os limites dos oceanos do mundo.
Então, naturalmente, todas as milhares de fundações e organizações beneficentes que surgiram, apenas, nos últimos cinquenta anos são mais uma evidência de que as Leis espirituais da Alma estão fazendo impacto direto na consciência humana, provando que o coração da humanidade é de fato "são" e está atento ao clamor da boa vontade.
A alma existe em cada um dos seres humanos cumpridores da lei porque eles amam, servem e dão.
Revista Analuz, no. 16
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