Ensinanças: Método de vida
Metodizem-se as vidas, os anos, os dias.
Olhe-se a magnificência da abóbada celeste, como os sistemas solares e os astros matematicamente percorrem suas órbitas, as voltas dos anos cósmicos e os dias humanos.
Pode-se observar como tudo é lei e ordem na natureza, e a regularidade com que se sucedem as estações do ano. Se, desde o ponto de vista espiritual, a alma deve ter a mais absoluta liberdade de orientação, nos atos exteriores e método de vida, as ações do ser devem estar submetidas a estrita lei e vigilância.
É necessário que o homem impulsione o ritmo de seus trabalhos diários ao compasso das sete correntes cósmicas que dividem os dias solares.
Por isso, convém levantar-se ao alvorecer e repartir os atos cotidianos ordenadamente. O tempo não existe mais que como duração. Por isso, as horas são rápidas ou lentas, curtas ou longas, segundo estejam bem ou mal divididas. Para aquele que faz suas coisas bem e ordenadamente, há tempo e lugar para tudo.
O corpo do homem tem que acostumar-se a servir seu amo e não este, a seu físico. No momento certo, deve descansar e, no momento certo, obrar e trabalhar. Não é conveniente prodigalizar-lhe cuidados excessivos nem tomá-lo por inimigo que se deva destruir, como fazem os membros de certas religiões. Ele não é, em mãos do ser consciente, senão um instrumento: se for acariciado, adormece; se for castigado, rebela-se; se for dirigido, obedece.
Há quem se preocupe demasiado pela saúde do corpo, não refletindo que a saúde física é o resultado natural de um discreto modo de viver. Bebam-se águas nascentes em abundância e comam-se espigas maduras, eliminando o muito doce e o muito ácido. A alimentação deve ser regulada, vigiada e medida para que o ser tenha frescor, seja ágil e flexível. Diariamente, inimigos destruidores, em forma de milhões de bactérias, aglomeram-se nas porosas portas do organismo humano para assenhorear-se dele, destruindo seus tecidos e infectando sua linfa. Afaste-se o perigo com banhos frescos, com uma caminhada matinal e com uma respiração correta.
Nos exercícios respiratórios não se deve adotar métodos estrambóticos ou afetados, mas o correto método de respirar em três tempos: inspire-se amplamente pelas narinas, retenha-se uns instantes o ar nos pulmões e espire-se fortemente pela boca.
Além de distribuir o dia de acordo com os sete movimentos cósmicos, há que mover-se em união com a Grande Corrente Dual que sobe e desce pausadamente, se se quiser chegar a ser dono de si mesmo. Estas duas forças são positivas ou negativas, ativas ou passivas, de acordo com o ato que se vai executar.
Alguns, quando trabalham, desejariam descansar e em horas de repouso sentem todos os impulsos e iluminações a respeito do que têm que fazer durante o tempo de estudo ou trabalho. Porém estes desarmônicos estados da mente não são mais que enganosos reflexos da volúvel e mal acostumada imaginação. Se ao ler ou trabalhar se nota cansaço ou aborrecimento, continue-se, ainda que em aparência se aproveite pouco. Deve-se insistir, ainda que um denso véu cubra a inteligência e embote o cérebro. No dia seguinte, notar-se-á que não se perdeu tempo, pois o subconsciente haverá trabalhado. Porém se, por exemplo, uma leitura interessa muito, suspenda-se uns minutos ao chegar ao “melhor” para que a reserva de energia mental não se queime em aras da fantasia, deixando depois apenas uma vaga recordação do lido.
Muito apressamento nem sempre permite chegar a tempo a um encontro. Melhor convém deter-se a recolher energias, mediante um ato volitivo contrário ao que se proporia realizar.
Convém acompanhar com palavras as ações do dia, murmurando muitas vezes: saúde, bem-estar, ordem, etc., etc. As forças físicas, ordenadamente distribuídas, refletem o estado e a atividade das forças mentais.
Por: Santiago Bovísio.
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