Da mente para o coração
Por Elisabeth Cavalcante
Ao longo da vida fomos condicionados a agir sempre de forma racional, com a mente nos ditando, a cada momento, qual o melhor caminho a seguir. Existe, aliás, uma crença generalizada de que a razão é a melhor conselheira e o coração nos leva a agir de forma errada, guiados pelos sentimentos. Ocorre que, na maioria das vezes, costumamos confundir os sentimentos com emoções.
As emoções nos levam a agir de maneira equivocada, sempre buscando o prazer e a satisfação momentânea, uma sensação de conforto que por algum tempo nos proporcione a ilusão de que estamos no caminho certo.
O problema surge quando as emoções se encontram em total desequilíbrio e as mais negativas predominam. Neste caso, a paralisia se instala e não conseguimos encontrar nenhuma saída, visto que as emoções negativas bloqueiam o equilíbrio que tanto buscamos.
Para fugir desta armadilha, muitas pessoas simplesmente ignoram suas emoções, agindo sempre de acordo com a mente racional, pois acreditam que deste modo estarão seguras. Emoções represadas se transformam em venenos que contaminam todos os aspectos da vida.
Por isso, precisamos reconhecê-las e liberá-las, deixando que se desprendam de nós de forma total. A catarse emocional é fundamental para que limpemos o terreno e o deixemos pronto para a expansão de nossos sentimentos.
O caminho do equilíbrio se encontra no coração e não na mente. Somente se estivermos atentos aos nossos reais sentimentos, poderemos agir em sintonia com esta verdade, deixando de lado as armadilhas que as emoções nos preparam.
Saber separar o sentimento da emoção é o grande desafio. O sentimento vem de nosso ser mais profundo, já a emoção relaciona-se com o ego e com o desejo permanente de satisfação que ele nos impõe. Quanto mais sintonizados estivermos com o nosso coração, mais verdadeiras serão nossas escolhas, trazendo como conseqüência a serenidade e a paz.
O coração como método
... A mente é uma grande trapaceira, mas tem uma tremenda capacidade de iludir, porque ela pode projetar. Ela pode lhe dar grandes utopias, grandes desejos, e vai sempre dizendo: Amanhã vai acontecer - e nunca acontece.
Nada acontece na cabeça - a cabeça não é o lugar para as coisas acontecerem.
... Pensar, sentir e ser - esses são os três centros. Mas, certamente, o sentir está mais próximo do ser do que o pensar e o sentir funciona como um método.
Se você quiser descer da cabeça, precisará passar pelo coração - esse é o ponto de cruzamento onde as estradas se separam. Você não pode ir diretamente ao ser, não é possível; você precisará passar pelo coração. Assim, o coração deve ser usado como um método.
Sinta mais e você pensará menos. Não lute contra os pensamentos, porque lutar contra os pensamentos significa novamente criar outros pensamentos de luta. Então, a mente nunca é derrotada. Se você ganhar, foi a mente que venceu; se você for derrotado, você é o derrotado. Nunca lute contra os pensamentos; isso é inútil.
Em vez de lutar contra os pensamentos, mova a sua energia para o sentir. Cante em vez de pensar, ame em vez de filosofar, leia poesia em vez da prosa. Dance, olhe a natureza, e tudo o que você fizer, faça-o através do coração.
Por exemplo, quando você tocar alguém, toque com o coração, toque sentindo, deixe seu ser vibrar. Quando olhar para alguém, não olhe simplesmente com olhos mortos como pedra. Deixe sua energia verter através dos olhos e, imediatamente, você sentirá que algo está acontecendo no coração. É apenas uma questão de experimentar.
O coração é o centro negligenciado. Quando você começa a prestar atenção nele, ele começa a funcionar. Quando ele começa a funcionar, a energia que estava automaticamente indo para a mente, começa a se mover através do coração. E o coração está mais próximo do centro de energia. O centro de energia está no umbigo - assim, bombear energia para a cabeça é, na verdade, um trabalho árduo.
É para isso que existem todos os sistemas educacionais: para ensiná-lo a bombear energia do centro, diretamente para a cabeça. Para ensiná-lo a se desviar do coração. Dessa maneira, nenhuma escola, nenhum colégio, nenhuma universidade ensina a sentir. Eles aniquilam o sentir, porque sabem que, se você sentir, não poderá pensar.
Se você sentir muito, então a energia ficará parada no centro do coração, não irá para a cabeça. Ela só pode ir para a cabeça quando o centro do coração é completamente negado. Ela tem de ir para algum lugar, tem de encontrar uma saída. Se o coração não for a saída, ela irá para a cabeça.
De fato, todo o sistema educacional desenvolvido em todo o mundo é para ensiná-lo a evitar o coração, a como tornar-se mais e mais mental e a como bombear a energia diretamente para a cabeça.
Assim, o amor é negado, o sentimento é negado, condenado - é quase um pecado sentir. A pessoa tem de ser lógica e racional, não emocional. Se você for emocional, as pessoas dirão que você é infantil - de certa forma, eles estão literalmente certos, porque só uma criança sente. Uma pessoa adulta instruída, culta, condicionada, pára de sentir. Ela se torna quase seca, madeira morta - não flui mais nenhum sumo dali. Daí haver tanto sofrimento: o sofrimento é por causa da cabeça.
A cabeça não pode celebrar, não há nenhuma celebração possível através da cabeça - ela pode pensar sobre e sobre e sobre, mas ela não pode celebrar. A celebração acontece através do coração.
Assim, a primeira coisa é começar a sentir cada vez mais e mais. Torne-se uma morada de amor, um santuário de amor; este é o primeiro passo. Uma vez que você dê este primeiro passo, o segundo será muito, muito fácil.
Primeiro, você ama - a metade da jornada está completa. E assim como é fácil mover-se da cabeça para o coração, é ainda mais fácil mover-se do coração para o umbigo. No umbigo você é simplesmente um ser, puro ser.
OSHO, For Madmen Only
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga,
Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
www.somostodosum.ig.com.br
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