Está na hora de analisarmos nossa dependência, de encararmos os pensamentos e sentimentos desencadeados
De 25 de Julho a 6 de Setembro: Vênus Retrógrado em Leão (na maior parte do período
Sarah Varcas
Embora Vênus
passe a maior parte deste período retrógrado em Leão, na verdade ela
muda de direção em Virgem. Neste detalhe oculta-se a chave de sua
jornada retrógrada inteira: ela se refere às nuances e não ao quadro
maior. Vênus em Leão é extravagante e convincente, apaixonada e
radiante, mas nas mãos sutis e modeladoras de Virgem, ela sabe que a
autoconfiança mais segura nasce do autoconhecimento que inclui detalhes –
da familiaridade com os altos e baixos da nossa psique e suas
influências em nosso bem-estar e relacionamentos. Quando retrógrado,
Vênus revela o ponto cego desses relacionamentos, convidando-nos a ver o
que, de outro modo, poderia estar escondido. Ela põe às claras as
dinâmicas sutis que moldam nossas interações com os outros, enquanto nos
lembra que o relacionamento mais importante é com nosso próprio eu.
Vênus retrógrado
em Leão precisa de pouca coisa do mundo exterior. Ela tem certeza do
seu próprio valor, necessitando de nenhuma confirmação externa. Isto
tanto pode ajudar quanto atrapalhar os relacionamentos. Podemos ter
tanta certeza da nossa posição, que a outra pessoa se torne
insignificante diante da nossa autoconfiança. Por outro lado, esta
segurança em relação a nós mesmos, pode nos permitir doar voluntária e
completamente a outros, sem diminuir em nada o nosso sentido de eu.
Saber que o amor do Divino flui através de nossas veias nos capacita a
doar desse amor conforme necessário, confiantes que nossas reservas
serão eternamente reabastecidas pela Fonte Sagrada. Para aquele que está
necessitado deste amor e afeição, nossa atenção chega como uma força
curadora, despertando sua própria auto-aceitação amorosa.
O desafio deste
Vênus retrógrado é criar uma ponte entre a autoconfiança isolada e a
interdependência enriquecedora. Podemos fazer isto acolhendo aquelas
sutilezas próprias de Virgem. Vênus não pode viver apenas consigo mesma e
se manter feliz, saudável e inteira. Ela precisa de conexão, conforto,
afeição e apego para prosperar. Vênus atiça as chamas do amor e nos traz
junto com ela para compartilhá-lo. Ela naturalmente procura
conectar-se, não se isolar e se separar. Se nos encontramos isolados
durante esta passagem retrógrada, desligados daqueles com os quais
buscamos intimidade, Vênus nos encoraja a refletir sobre até que ponto
nos tornamos tão autossuficientes, que acreditamos não precisar de nada
nem de ninguém.
Esta crença não
nasce de um eu soberano, mas de um eu sitiado, protegido por muralhas
defensivas, construídas para evitar a vulnerabilidade da necessidade, da
dependência e do desejo. Vênus nos convida a refletir sobre como nós
asseguramos nosso isolamento e se seria realmente possível não precisar
de ninguém num mundo de sete bilhões de pessoas interdependentes. Ela
nos pede para refletir sobre questões de dependência – o trabalho de
estranhos que garante que saia água da torneira da nossa cozinha; os
esforços dos nossos passados cujo legado vivenciamos hoje; a tarefa
árdua daqueles que produzem os alimentos que necessitamos para
sobreviver. Nenhuma pessoa é uma ilha, ela nos lembra. Em um mundo
interconectado, dependência não é uma falha, mas um fato; não é uma
fraqueza, mas uma verdade fundamental, cuja compreensão pode
simplesmente salvar a todos nós.
Está na hora de
analisarmos nossa dependência, de encararmos os pensamentos e
sentimentos desencadeados, quando reconhecemos que nossa própria vida
está nas mãos de outros. Na verdade, cada um de nós tem o outro em mãos,
cuidando amorosamente do seu florescimento, ou esmagando, com a
necessidade de controlar, suas pétalas delicadas, antes que desabrochem
totalmente. Cada um de nós deve um grande cuidado ao outro tanto quanto a
si mesmo, e deve estar disposto a acolher, a cada dia, a
vulnerabilidade da interdependência para seu próprio bem-estar e
sobrevivência.
Vênus nos lembra
que a autoconfiança só é uma força quando nos capacita a doar e receber
em igual medida. Precisaremos dela nos próximos meses para enfrentar os
altos e baixos das mudanças e nos mantermos firmes diante dos desafios
que ameaçarem tirar-nos do rumo. Mas, precisaremos igualmente dos outros
caminhando ao nosso lado, torcendo uns pelos outros quando as coisas
ficarem difíceis, compartilhando suprimentos para a jornada e os sonhos
de cada um.
Não somos ilhas
num mar de autoproteção, mas uma vida única, vivendo através de cada um
de nós para enriquecer e nutrir a si mesma. Enquanto Vênus viaja através
de Leão, ela nos convida a conhecer a nós mesmos e uns aos outros, a
celebrar a dependência e respeitar a verdade de que cada um mantém a
vida do outro em seu coração e em suas mãos.
Direitos Autorais:
© Sarah Varcas www.astro-awakenings.co.uk
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