Toda posse fanática, cúpida e avara dos objetos e das coisas da Terra termina por "imanizar" o seu dono, mesmo depois de sua morte física, fazendo-o sofrer as maiores aflições e impedindo-o na sua ascensão espiritual.
RAMATÍS
PERGUNTA: - Alhures lemos em certa obra que os objetos podem exercer forte influência nas criaturas que muito se apegam a eles. Isso é verdade ou trata-se de simples superstição?
RAMATÍS: - Pouco a pouco o terrícola irá comprovando que detrás de muita superstição do passado escondem-se as mais inconfundíveis verdades. É óbvio que os objetos e as coisas do mundo físico são, apenas, núcleos de energias ali concentradas, mas sem consciência formada e capaz de exercer domínio sobre os seres vivos. Na realidade, as criaturas é que se deixam influenciar pelas coisas do mundo exterior, pois abdicam de sua vontade, escravizam-se a caprichos tolos e obsessões de posse, terminando por imantarem-se, imprudentemente, àquilo que na Terra é alvo de sua adoração fanática ou avareza.
Em inúmeras habitações terrenas ainda perambulam espíritos recém-desencarnados, bastante debilitados pelo sofrimento e demasiado apego e ciúme do que possuíam na matéria. Bastante saudosos, eles ainda hesitam em se afastar da rica biblioteca que adoravam egocentricamente, da coleção de selos raros - fruto de anos de labor infatigável - das jóias valiosas ou da vivenda luxuosa que haviam edificado para o "descanso" da velhice interrompido pela morte cruel. Há seres desencarnados ainda presos fortemente ao cachimbo de espuma, ao disco invulgar da radiola, à medalha exótica, ao troféu do melhor atirador de pombos, à relíquia pertencida a certo fidalgo inescrupuloso, ou então ao anel de brilhante herdado do bisavô. São almas que atravessam a existência humana sofrendo mil sustos e angústias cada vez que, por descuido, esquecem onde ficou a jóia ou o objeto a que se encontram imantados. Giram em torno daquilo que os escraviza; narram detalhes voluptuosos e assoma-lhes o prazer ao rosto ante a posse da coisa rara, exótica ou cobiçada por outrem. Algumas, empenham toda a sua fortuna e o seu tempo colecionando as coisas mais exóticas, grotescas ou tolas, vivendo a existência terrena exclusivamente ligadas a motivos e fatos que se relacionem com a sua mania. Desnecessário é dizer que essas criaturas, tão facilmente dominadas pela fixação mental dos objetos do mundo material transitório, logo em seguida à sua desencarnação deixar-se-ão arrastar inapelavelmente para junto das mesmas coisas com que em vida se deixaram fascinar. Os seus protetores não conseguem afastá-las das quinquilharias terrenas, a que se imantam derramando lágrimas de dor e soluços de desespero. Às vezes, demoram-se alguns anos interferindo no seio da família terrena, interpondo-se nas tricas domésticas, como se ainda vivessem no corpo físico. Doutra feita, angustiam-se, gritam, discutem e até criam ódio aos parentes que resolvem se desfazer dos objetos ou bens que ainda os ligam, fanaticamente, à vida material.
PERGUNTA: - Qual a idéia mais clara que poderíamos formular sobre o modo como se imantam essas criaturas aos objetos materiais?
RAMATÍS: - Elas se imantam em demasia, com suas próprias impressões e sentimentos fanáticos, às coisas que possuem na vida terrena; e depois de mortas, sofrem a cruel escravização de não poderem se furtar à sua influência psicométrica. A mente cristaliza-se de tal forma, apegada às coisas da matéria, ou àquilo que lhe requer demasiada atenção, que termina gerando um forte liame de fascinação sobre o perispírito. Entre o objeto e a mente fascinada produz-se verdadeiro circuito magnético, impedindo o espírito desencarnado de pensar noutra coisa ou mobilizar energias para devotar-se a outros misteres. A libertação será tão breve quanto seja o afinamento perispiritual do ser, ou então pela volatização natural da substância mental-magnética, que se enfraquece por falta de nutrição.
Os fluidos incessantemente projetados por nós sobre os objetos, quer devido à posse, à atração, ao encanto, ou pelo medo de perda, produzem certos estados obsessivos. Muitas vezes nos distanciamos deles, mas deixamos a nossa mente colada à sua aura etérica. Assim, há perigo do apego fanático à jóia de estimação herdada do parente famoso ou que pertenceu ao personagem importante, em que os mais exagerados muitas vezes preferiam ter cortado um braço ou uma perna, a perdê-la para sempre.
É refletindo sobre esse processo de imanização ou imantação da mente humana aos objetos da matéria, pela influência dos atos e dos sentimentos das criaturas naquilo que amam, que melhor entendemos certos conceitos do Mestre Jesus. Reconhecemos, assim, que além de iluminado Instrutor Espiritual da Terra, o Divino Amigo é abalizado Psicólogo e genial Cientista Sideral, que resumia em seus ensinamentos as leis imutáveis da vida macro e microcósmica. Detrás de suas máximas sublimes, que para muitas criaturas só despertam um misticismo lacrimoso, ocultam-se as advertências de um indiscutível "energetismo evangélico" tal como se certifica quando Jesus adverte e aconselha: "Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e os vermes os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam". (Mateus, 6: 19) ou então: "Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos". (Mateus 10:9).
Embora em sua época o povo ainda ignorasse as descobertas modernas e a comprovação do inumerável contingente de forças ocultas que atuam sobre os seres vivos, Jesus já ressaltava o valor dos bens espirituais, enquanto advertia quanto aos perigos da fascinação da criatura pelos tesouros perecíveis do mundo material. Sem dúvida o Divino Cientista ainda não podia explicar aos homens imaturos, que toda posse fanática, cúpida e avara dos objetos e das coisas da Terra termina por "imanizar" o seu dono, mesmo depois de sua morte física, fazendo-o sofrer as maiores aflições e impedindo-o na sua ascensão espiritual. A advertência de Jesus, embora em época tão recuada, já deixava entrever que os objetos fascinam e exercem influência escravizante nos seres avaros e imprudentes que os adoram pela sua cegueira espiritual. Aconselhou o Mestre, legando-nos a lição admirável e oculta de que é perigosa a posse do ouro, da prata ou dos bens do mundo, quando ainda não podemos fugir de seu indesejável poder de imantação.
DO LIVRO: "ELUCIDAÇÕES DO ALÉM" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES -EDITORA DO CONHECIMENTO.
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