A DISSIPACAO DA MIRAGEM
A palavra “deslumbramento”, característica destacada do plano astral, nunca foi corretamente empregada e, lamentavelmente, foi utilizada nos primeiros dias do ensinamento esotérico.
O assim chamado “plano astral” é simplesmente o nome dado à soma total das reações sensoriais; à resposta sentimental e à substância emocional que o homem mesmo criou e projetou com tanto êxito, sendo hoje a vítima de sua própria obra.
Oitenta por cento do ensinamento difundido sobre o plano astral é parte da grande ilusão e também do mundo irreal a que nos referimos quando pronunciamos a antiga prece: “Conduze-nos do irreal ao Real”. O que se diz sobre ele tem pouco fundamento.
Entretanto, serviu a um propósito útil como campo de experiência, em que podemos aprender a distinguir o verdadeiro do falso. Ademais, constitui uma zona, na qual o aspirante pode empregar a faculdade discriminadora da mente – a grande reveladora do erro e, oportunamente, da verdade.
Quando aquela “mente estiver em nós que também está no Cristo” (Fil. 2,5), verificaremos que o controle da natureza emocional e da área sensorial do consciente (o plano astral, se preferem o termo) se tornará completo.
Então, já não existirá o controle exercido pelos sentidos nem sua esfera de influência. É irreal, exceto como campo de serviço e como um reino através do qual perambulam os homens desesperados e perplexos. O maior serviço que um homem pode prestar a seus semelhantes é livrar-se, por si mesmo, do controle que exerce esse plano, dirigindo as energias deste, mediante o poder do Cristo interno.
Então, achará que as forças autocentradas e as energias dos desejos pessoais e do amor emocional serão substituídas por uma energia vital, que pode ser sentida amplamente, conquanto não possa ainda ser captada em sua essência pura, energia esta a que denominamos “amor de Deus”. É uma força que flui livremente; que se exterioriza e atrai magneticamente, conduzindo cada peregrino de regresso à Morada do Pai.
É essa força que agita o coração da humanidade e encontra sua expressão através de Avatares tão grandes quanto o Cristo; guia o anelo místico que se encontra em todo ser humano, e atua através de todos os movimentos que têm por objetivo o bem-estar da humanidade, mediante as tendências filantrópicas e educativas de toda classe, bem assim a maternidade instintiva que se encontra em toda parte. Esta, porém, é, essencialmente, uma sensibilidade grupal, e somente na Era de Aquário, como resultado do reaparecimento do Cristo, sua verdadeira natureza será compreendida corretamente, e o amor de Deus se expandirá em todo coração humano.
Cristo sabia muito a respeito deste mundo de miragem e de ilusão, demonstrando por Si mesmo que o amor verdadeiro poderia controlá-lo. Parte das três grandes tentações do Cristo, no deserto, se baseou nos três aspectos da miragem mundana: as ilusões que a mente cria, a miragem no plano emocional da experiência e a complexidade das circunstâncias terrenas.
Todos ameaçavam confundi-Lo, porém Ele as enfrentou, enunciando um claro e conhecido princípio, e não com a argumentação de uma mente analítica. Com essa tríplice experiência, partiu para amar, ensinar e curar. O Cristo – ao voltar – será o grande dissipador da miragem mundial. O caminho para isso foi preparado por Buda. A possibilidade de tal dissipação e dispersão se acha definitivamente centralizada nos Avatares, Buda e Cristo.
Uma das coisas mais essenciais, na atualidade, é fazer a humanidade e as nações do mundo compreenderem a natureza do trabalho por Ele empreendido, e voltar a sublinhar as verdades projetadas, no contexto do pensamento mundial. A tarefa do Senhor da Luz e a do Senhor do Amor deve ser apresentada de novo a um mundo necessitado. Sobre isto poderia dizer-se que algumas nações necessitam de compreender o ensinamento que Buda enunciou, nas Quatro Nobres Verdades.
Devem compreender que a causa de toda aflição e sofrimento reside no indevido abuso do desejo – desejo pelo que é material e transitório. As Nações Unidas necessitam aprender a aplicar a Lei do Amor, tal como está enunciado na vida do cristo, e a expressar a vitalidade que existe na verdade segundo a qual “nenhum de nós vive para si” (Rom. 14,7), nem tampouco nação alguma; o objetivo de todo esforço humano é a compreensão amorosa, impelida por um plano de amor e corretas relações humanas, entre o gênero humano.
Se as vidas destes dois grandes Instrutores puderem ser compreendidas e Seus ensinamentos aplicados hoje, novamente, à vida dos homens, ao mundo dos assuntos humanos, ao reino do pensamento humano, ao diálogo político, assim como ao intercâmbio econômico, então a presente ordem mundial (que em sua maior parte é desordem), poderá ser de tal maneira modificada e mudada, que, paulatinamente, uma nova ordem mundial e uma nova raça de homens surgirão. Então, a miragem e a ilusão mundiais serão dissipadas.
No mundo da miragem – o mundo do plano astral das emoções – apareceu, há séculos, um ponto de luz; O Senhor da Luz, Buda, empreendeu a tarefa de enfocar em Si mesmo a iluminação que possibilitaria, oportunamente, a dissipação da miragem.
No mundo da ilusão, o mundo do plano mental, apareceu Cristo, o Senhor do Amor. Empreendeu a tarefa de fazer desaparecer a ilusão, atraindo para Si (pelo poder de atração do amor), o coração de todos os homens, e afirmou esta determinação com as palavras: “E eu, quando for levantado da terra, a todos atrairei a Mim” (João 12,32).
O trabalho conjunto destes dois grandes Filhos de Deus, concentrado através dos discípulos mundiais e de Seus iniciados, deve destruir, e inevitavelmente o fará, a grande ilusão e dissipar a miragem – um, mediante o reconhecimento intuitivo da realidade, por parte das mentes sintonizadas com ela; e o outro, fazendo afluir a luz da razão.
Buda fez o primeiro esforço planetário, para romper com o deslumbramento mundial; Cristo realizou o primeiro esforço planetário para dissipar a ilusão. Sua obra deve ser levada adiante, agora de maneira inteligente, por uma humanidade suficientemente sábia para identificar seu dever.
O despertar para a realidade vai, rapidamente, se apoderando do homem, que, em conseqüência, verá as coisas com mais clareza. A miragem mundial vai-se afastando do caminho do homem. Ambos os desenvolvimentos foram produzidos pelas entrantes novas idéias focalizadas através dos intuitivos e entregues ao conhecimento público pelos pensadores.
Também ajudou, grandemente, o reconhecimento inconsciente, embora não menos real, por parte das multidões, do verdadeiro significado das Quatro Nobres Verdades. A humanidade, não mais iludida e livre da miragem, aguarda a futura revelação, que produzir-se-á pelo esforço de Buda e Cristo. T
udo o que podemos prever e prognosticar referente a esta revelação, é que se obterão certos resultados de grandes projeções, mediante a fusão da luz e do amor, e pela reação da “substância iluminada” para com o “poder atrativo do amor”. Há, aqui, uma chave para se chegar a compreender, realmente, o trabalho destes Avatares – algo que até agora não havia existido.
Poderia agregar-se que, quando se tenha conseguido uma cabal apreciação do significado das palavras “transfiguração de um ser humano”, ter-se-á compreendido aquelas outras “quando todo teu corpo resplandece” (Lucas 11,36) ou, então, “em Tua Luz veremos a luz” (Salmos 36,9). Isto significa que, quando a personalidade tiver alcançado certo grau de purificação, dedicação e iluminação, o poder de atração da alma, cuja natureza é amor e compreensão, poderá atuar e a fusão de ambos ocorrerá. Isto é o que Cristo demonstrou e comprovou.
Quando for consumado o trabalho do Buda (encarnação do princípio sabedoria) no discípulo aspirante e em sua personalidade integrada, então poderá, também, expressar-se, plenamente, o trabalho de Cristo (encarnação do princípio amor), e ambas as potências, Luz e Amor, acharão brilhante expressão no discípulo transfigurado.
O que é certo para o indivíduo o é para a humanidade, a qual, hoje (havendo alcançado a madureza), pode “começar a compreender” e tomar parte, conscientemente, no trabalho de iluminação e de amorosa atividade espiritual. Os efeitos práticos deste processo trarão a dissipação da miragem, liberando o espírito humano da escravidão da matéria, trazendo, ademais, o fim da ilusão e o renascimento da verdade, tal como existe na consciência daqueles que estão polarizados na consciência crística.
Este não é um processo rápido, senão um procedimento regulado e ordenado, que tem assegurado seu êxito final, ainda que lento quanto ao seu estabelecimento e desenvolvimento consecutivo. Esse processo foi iniciado no plano astral por Buda, e, no plano mental, quando Cristo apareceu na Terra, Indicou a próxima maturidade da humanidade.
O processo foi impulsionado lentamente, à medida que estes dois grandes Seres reuniram Seus discípulos e iniciados durante os últimos dois mil anos. Chegou a ser de grande utilidade, à medida que o canal de comunicação entre “o Centro onde a Vontade de Deus é conhecida” e a Hierarquia, onde o Amor de Deus se manifesta, se foi abrindo e expandindo, e o contato entre estes dois centros e a humanidade se estabeleceu com maior firmeza.
Desta maneira, milhares de homens e mulheres inteligentes se libertarão de toda ilusão e controle emocional. Quando os corações dos homens estiverem ativos, nesse momento terminará toda a atividade emocional do plexo solar. Esta é uma afirmação real, pois os corações dos homens que respondem ao chamado de Cristo, são os que invocam hoje em dia.
O agonizante ciclo emocional, pelo qual passou a humanidade durante os últimos cento e cinqüenta anos, e a tensão emocional em que vivem, hoje, os homens, também desempenham sua parte, a fim de ajustar a humanidade para que penetre no reino do pensar claramente. Isto marcará um ponto de inflexão de grande importância na história da humanidade e constituirá um dos resultados do futuro trabalho científico que o Cristo (se assim se pode chamá-lo) realizará com os corações dos homens, pondo-os em relação com o coração de Deus.
Esse campo de experiência e prova é bem conhecido por todos os aspirantes, sendo o campo de batalha de milhões de seres. O Cristo interno, como Controlador da vida individual, pode pôr fim a esta batalha; o aspirante pode emergir com os olhos abertos e sem temor. O aparecimento do Cristo entre os homens fará o mesmo, em relação a toda a humanidade, não num sentido figurado, senão através da vivência de Sua presença, estimulando o princípio crístico, em todo coração humano.
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