Um ataque de Pânico pode acontecer com qualquer pessoa.
EU TIVE UM ATAQUE DE PâNICO
André Astete
Desde que chegamos ao restaurante, senti que não estava bem. A respiração era desconfortável, precisava suspirar às vezes. Nos sentamos numa mesa ao fundo e logo nossos amigos chegaram, ocupando as cadeiras da saída. Comecei a sentir calor, bebi um pouco de água mineral, que graças a Deus (pensei na hora) tinha chegado rápido. Não melhorei. Disse ao meu marido: "Preciso sair um pouco!"; estava constrangida, tinha que fazer todos levantarem para que eu saísse, e, para piorar, minha amiga me disse:
"Você está bem? Está muito pálida!"
"Não estou nada bem, acho que vou desmaiar."
Disse isso e senti, inesquecível, que minha respiração tinha parado e meu coração disparou, cada vez mais. Não conseguia falar e todos se alarmaram. Meu marido me levou ao carro e acelerou para o hospital, que era logo ali, do outro lado da rodovia, mas pareceu muito distante. Chegamos ao pronto-socorro, meu marido disse que eu estava morrendo enquanto dava informações para a ficha de atendimento. Me levaram às pressas para a cardiologia, com muita falta de ar, as mãos formigando e paralisadas, o coração disparado, tinha dor no peito e tremia. O médico estava atendendo um senhor, que parecia mal, eu não queria mais ficar ali, onde estava meu marido? Quando o cardiologista me atendeu, já haviam medido minha pressão e me dado oxigênio. Ele perguntou "Quantos anos você tem?" e acho que nem consegui responder "28". Me examinou, retirou o oxigênio, e disse que estava tudo bem, pediu para que eu respirasse mais devagar. Me fizeram um eletrocardiograma ("só rotina" me disseram), meu marido, mais calmo, repetia o que o médico disse: "Respire mais devagar..." Quando me trouxeram um remédio eu já estava melhor, mas tomei mesmo assim. Era um calmante. "Seu coração é saudável, não há nenhum risco aparente." Disse o médico. Mas eu achei que ia morrer! Você teve um ataque de Pânico, é apenas ansiedade ... Me disse que era comum, que podia acontecer de novo ou não. Estava ainda nervosa quando saímos de lá, mas não passando mal, tive um pouco de vergonha, o médico me aconselhou consultar um psiquiatra. No caminho para casa, chorei um pouco ..."
A paciente do relato acima foi atendida por mim há alguns anos. Tinha sido seu primeiro ataque e concluímos que apresentava um quadro de depressão leve já antes da crise. Iniciou tratamento com medicação antidepressiva que, como expliquei, também prevenia as crises. Teve melhora em poucas semanas e parou o medicamento. Meses após, voltou a piorar e a ter crises, várias. Voltou ao tratamento e aceitou fazer treino de controle respiratório com nossa terapeuta de ansiedade. Hoje está bem, suspendeu o medicamento sob minha orientação após um ano, tem crises leves a cada 6 ou 8 meses que maneja com a técnica de controle respiratório, o que dispensa a ida ao hospital, e por enquanto dispensa também a volta do antidepressivo. Seu diagnóstico: Transtorno do Pânico em comorbidade com episódio depressivo (este último já remitido).
Um ataque de Pânico pode acontecer com qualquer pessoa. Os médicos reconhecem um ataque quando ocorrem os seguintes sintomas:
• Crise súbita de apreensão e intenso desconforto somático em pessoa sem causa orgânica reconhecível
• Falta de ar intensa
• Dor ou palpitação no peito ou garganta
• Tremor
• Formigamento ou amortecimento de partes do corpo, especialmente a face, as mãos e pés
• Sudorese
• Palidez
• Outros sintomas físicos sem causa reconhecível
Os sintomas podem incluir todos os itens acima ou apenas uma parte, mas precisam ter se instalado rapidamente (em crise), estar acompanhados de sinais de ansiedade (que o paciente muitas vezes não percebe) e não ter outra causa que explique sua ocorrência ou intensidade. Pessoas sadias tem ataques de pânico ocasionalmente, uma ou duas vezes na vida. Ainda pode ser o seu caso se foi o primeiro ataque e você não está acometido de depressão ou outro distúrbio ansioso. A maioria das pessoas que são atendidas em pronto-socorros, no entanto, fazem parte desse segundo grupo, especialmente os deprimidos. Quando a depressão ou outro distúrbio ansioso (ansiedade generalizada, fobia social, TOC e outros que não o pânico) são a causa dos ataques, as crises costumam ser espaçadas, a cada 15 ou 30 dias e frequentemente são facilitadas por alguma situação estressante. Se a depressão ou outro distúrbio ansioso não estão presentes, e as crises se repetem com freqüência, o diagnóstico é o transtorno do Pânico, um distúrbio ansioso onde as crises são muito mais freqüentes e mais espontâneas. Um paciente com pânico tende a ter crises no mínimo semanais, mais freqüentemente diárias ou a cada 2 a 3 dias.
O que devo fazer?
Se você teve um ataque de pânico recentemente deve em primeiro lugar não se desesperar: todas as causas de crises são tratáveis e preveníveis e ser orientado por um psiquiatra ou psicoterapeuta cognitivo-comportamental pode ajudar a escolher o melhor tratamento. No caso de primeiro ataque em pessoa saudável, muitas vezes não é necessário tomar nenhuma atitude após o atendimento de emergência, e quando necessário para tranqüilizar o paciente, orientamos o treinamento respiratório como forma de capacitar a pessoa a manejar as crises com menos desconforto. A maioria das crises duraria apenas alguns minutos e não chegaria a ser forte caso a pessoa soubesse reconhecer que é um ataque de pânico, e não a iminência da morte, e se esforçasse em não ficar focado nos sintomas e sim em tentar respirar corretamente e relaxar o corpo. Para crises muito esparsas é o suficiente. Nos outros casos um psiquiatra ou clínico experiente em pânico devem orientar o tratamento. Para o transtorno do Pânico, uma vez que as crises são muito freqüentes, usamos com sucesso antidepressivos de ação serotonérgica pura ou combinada com ação noradrenérgica, em doses muitas vezes baixas, o que leva as crises ao espaçamento progressivo e diminuição da intensidade (cada vez menos sintomas) até que ocorra o bloqueio completo, em 45 ou 60 dias. Alguns pacientes podem usar também ansiolíticos (calmantes) para abrandar crises mais rapidamente. O treino respiratório também é realizado nesses casos, onde participa o terapeuta cognitivo-comportamental. Alguns pacientes, depois de várias crises, desenvolvem agorafobia, e esta complicação é tratada com psicoterapia cognitivo-comportamental estruturada. Caso haja depressão associada ou outro distúrbio ansioso, o psiquiatra irá adequar a escolha do tratamento à presença desse diagnóstico e à prevenção dos ataques, o mesmo acontecendo com a psicoterapia. Em todo caso, é necessário começar com um bom diagnóstico, o que torna necessário uma consulta ao especialista. Abaixo descrevemos a técnica do controle respiratório. É bastante simples mas precisa ser treinada para um bom desempenho, e em caso de dificuldade, a orientação de terapeuta cognitivo-comportamental no treinamento resolverá a maioria dos obstáculos ou erros de técnica.
Relaxamento respiratório:
1. Assuma uma postura relaxada.
2. Comece a diminuir a freqüência da respiração e a profundidade, não respire mais que doze vezes por minuto.
3. Não encha o peito, procure respirar provocando apenas o movimento abdominal, interrompendo a inspiração ao menor sinal de expansão do tórax.
4. Deixe de prestar atenção nas outras sensações corporais, concentre-se na respiração.
5. Com a respiração sob controle, procure relaxar a musculatura.
6. Volte à seqüência desde o início (postura, controle respiratório, desvio da atenção dos sintomas e relaxamento muscular) e a repita até voltar a se sentir bem.
Desde que chegamos ao restaurante, senti que não estava bem. A respiração era desconfortável, precisava suspirar às vezes. Nos sentamos numa mesa ao fundo e logo nossos amigos chegaram, ocupando as cadeiras da saída. Comecei a sentir calor, bebi um pouco de água mineral, que graças a Deus (pensei na hora) tinha chegado rápido. Não melhorei. Disse ao meu marido: "Preciso sair um pouco!"; estava constrangida, tinha que fazer todos levantarem para que eu saísse, e, para piorar, minha amiga me disse:
"Você está bem? Está muito pálida!"
"Não estou nada bem, acho que vou desmaiar."
Disse isso e senti, inesquecível, que minha respiração tinha parado e meu coração disparou, cada vez mais. Não conseguia falar e todos se alarmaram. Meu marido me levou ao carro e acelerou para o hospital, que era logo ali, do outro lado da rodovia, mas pareceu muito distante. Chegamos ao pronto-socorro, meu marido disse que eu estava morrendo enquanto dava informações para a ficha de atendimento. Me levaram às pressas para a cardiologia, com muita falta de ar, as mãos formigando e paralisadas, o coração disparado, tinha dor no peito e tremia. O médico estava atendendo um senhor, que parecia mal, eu não queria mais ficar ali, onde estava meu marido? Quando o cardiologista me atendeu, já haviam medido minha pressão e me dado oxigênio. Ele perguntou "Quantos anos você tem?" e acho que nem consegui responder "28". Me examinou, retirou o oxigênio, e disse que estava tudo bem, pediu para que eu respirasse mais devagar. Me fizeram um eletrocardiograma ("só rotina" me disseram), meu marido, mais calmo, repetia o que o médico disse: "Respire mais devagar..." Quando me trouxeram um remédio eu já estava melhor, mas tomei mesmo assim. Era um calmante. "Seu coração é saudável, não há nenhum risco aparente." Disse o médico. Mas eu achei que ia morrer! Você teve um ataque de Pânico, é apenas ansiedade ... Me disse que era comum, que podia acontecer de novo ou não. Estava ainda nervosa quando saímos de lá, mas não passando mal, tive um pouco de vergonha, o médico me aconselhou consultar um psiquiatra. No caminho para casa, chorei um pouco ..."
A paciente do relato acima foi atendida por mim há alguns anos. Tinha sido seu primeiro ataque e concluímos que apresentava um quadro de depressão leve já antes da crise. Iniciou tratamento com medicação antidepressiva que, como expliquei, também prevenia as crises. Teve melhora em poucas semanas e parou o medicamento. Meses após, voltou a piorar e a ter crises, várias. Voltou ao tratamento e aceitou fazer treino de controle respiratório com nossa terapeuta de ansiedade. Hoje está bem, suspendeu o medicamento sob minha orientação após um ano, tem crises leves a cada 6 ou 8 meses que maneja com a técnica de controle respiratório, o que dispensa a ida ao hospital, e por enquanto dispensa também a volta do antidepressivo. Seu diagnóstico: Transtorno do Pânico em comorbidade com episódio depressivo (este último já remitido).
Ter um ataque de Pânico pode acontecer com qualquer pessoa. Os médicos reconhecem um ataque quando ocorrem os seguintes sintomas:
• Crise súbita de apreensão e intenso desconforto somático em pessoa sem causa orgânica reconhecível
• Falta de ar intensa
• Dor ou palpitação no peito ou garganta
• Tremor
• Formigamento ou amortecimento de partes do corpo, especialmente a face, as mãos e pés
• Sudorese
• Palidez
• Outros sintomas físicos sem causa reconhecível
Os sintomas podem incluir todos os itens acima ou apenas uma parte, mas precisam ter se instalado rapidamente (em crise), estar acompanhados de sinais de ansiedade (que o paciente muitas vezes não percebe) e não ter outra causa que explique sua ocorrência ou intensidade. Pessoas sadias tem ataques de pânico ocasionalmente, uma ou duas vezes na vida. Ainda pode ser o seu caso se foi o primeiro ataque e você não está acometido de depressão ou outro distúrbio ansioso. A maioria das pessoas que são atendidas em pronto-socorros, no entanto, fazem parte desse segundo grupo, especialmente os deprimidos. Quando a depressão ou outro distúrbio ansioso (ansiedade generalizada, fobia social, TOC e outros que não o pânico) são a causa dos ataques, as crises costumam ser espaçadas, a cada 15 ou 30 dias e frequentemente são facilitadas por alguma situação estressante. Se a depressão ou outro distúrbio ansioso não estão presentes, e as crises se repetem com freqüência, o diagnóstico é o transtorno do Pânico, um distúrbio ansioso onde as crises são muito mais freqüentes e mais espontâneas. Um paciente com pânico tende a ter crises no mínimo semanais, mais freqüentemente diárias ou a cada 2 a 3 dias.
O que devo fazer?
Se você teve um ataque de pânico recentemente deve em primeiro lugar não se desesperar: todas as causas de crises são tratáveis e preveníveis e ser orientado por um psiquiatra ou psicoterapeuta cognitivo-comportamental pode ajudar a escolher o melhor tratamento. No caso de primeiro ataque em pessoa saudável, muitas vezes não é necessário tomar nenhuma atitude após o atendimento de emergência, e quando necessário para tranqüilizar o paciente, orientamos o treinamento respiratório como forma de capacitar a pessoa a manejar as crises com menos desconforto. A maioria das crises duraria apenas alguns minutos e não chegaria a ser forte caso a pessoa soubesse reconhecer que é um ataque de pânico, e não a iminência da morte, e se esforçasse em não ficar focado nos sintomas e sim em tentar respirar corretamente e relaxar o corpo. Para crises muito esparsas é o suficiente. Nos outros casos um psiquiatra ou clínico experiente em pânico devem orientar o tratamento. Para o transtorno do Pânico, uma vez que as crises são muito freqüentes, usamos com sucesso antidepressivos de ação serotonérgica pura ou combinada com ação noradrenérgica, em doses muitas vezes baixas, o que leva as crises ao espaçamento progressivo e diminuição da intensidade (cada vez menos sintomas) até que ocorra o bloqueio completo, em 45 ou 60 dias. Alguns pacientes podem usar também ansiolíticos (calmantes) para abrandar crises mais rapidamente. O treino respiratório também é realizado nesses casos, onde participa o terapeuta cognitivo-comportamental. Alguns pacientes, depois de várias crises, desenvolvem agorafobia, e esta complicação é tratada com psicoterapia cognitivo-comportamental estruturada. Caso haja depressão associada ou outro distúrbio ansioso, o psiquiatra irá adequar a escolha do tratamento à presença desse diagnóstico e à prevenção dos ataques, o mesmo acontecendo com a psicoterapia. Em todo caso, é necessário começar com um bom diagnóstico, o que torna necessário uma consulta ao especialista. Abaixo descrevemos a técnica do controle respiratório. É bastante simples mas precisa ser treinada para um bom desempenho, e em caso de dificuldade, a orientação de terapeuta cognitivo-comportamental no treinamento resolverá a maioria dos obstáculos ou erros de técnica.
Relaxamento respiratório:
1. Assuma uma postura relaxada.
2. Comece a diminuir a freqüência da respiração e a profundidade, não respire mais que doze vezes por minuto.
3. Não encha o peito, procure respirar provocando apenas o movimento abdominal, interrompendo a inspiração ao menor sinal de expansão do tórax.
4. Deixe de prestar atenção nas outras sensações corporais, concentre-se na respiração.
5. Com a respiração sob controle, procure relaxar a musculatura.
6. Volte à seqüência desde o início (postura, controle respiratório, desvio da atenção dos sintomas e relaxamento muscular) e a repita até voltar a se sentir bem.
"Você está bem? Está muito pálida!"
"Não estou nada bem, acho que vou desmaiar."
Disse isso e senti, inesquecível, que minha respiração tinha parado e meu coração disparou, cada vez mais. Não conseguia falar e todos se alarmaram. Meu marido me levou ao carro e acelerou para o hospital, que era logo ali, do outro lado da rodovia, mas pareceu muito distante. Chegamos ao pronto-socorro, meu marido disse que eu estava morrendo enquanto dava informações para a ficha de atendimento. Me levaram às pressas para a cardiologia, com muita falta de ar, as mãos formigando e paralisadas, o coração disparado, tinha dor no peito e tremia. O médico estava atendendo um senhor, que parecia mal, eu não queria mais ficar ali, onde estava meu marido? Quando o cardiologista me atendeu, já haviam medido minha pressão e me dado oxigênio. Ele perguntou "Quantos anos você tem?" e acho que nem consegui responder "28". Me examinou, retirou o oxigênio, e disse que estava tudo bem, pediu para que eu respirasse mais devagar. Me fizeram um eletrocardiograma ("só rotina" me disseram), meu marido, mais calmo, repetia o que o médico disse: "Respire mais devagar..." Quando me trouxeram um remédio eu já estava melhor, mas tomei mesmo assim. Era um calmante. "Seu coração é saudável, não há nenhum risco aparente." Disse o médico. Mas eu achei que ia morrer! Você teve um ataque de Pânico, é apenas ansiedade ... Me disse que era comum, que podia acontecer de novo ou não. Estava ainda nervosa quando saímos de lá, mas não passando mal, tive um pouco de vergonha, o médico me aconselhou consultar um psiquiatra. No caminho para casa, chorei um pouco ..."
A paciente do relato acima foi atendida por mim há alguns anos. Tinha sido seu primeiro ataque e concluímos que apresentava um quadro de depressão leve já antes da crise. Iniciou tratamento com medicação antidepressiva que, como expliquei, também prevenia as crises. Teve melhora em poucas semanas e parou o medicamento. Meses após, voltou a piorar e a ter crises, várias. Voltou ao tratamento e aceitou fazer treino de controle respiratório com nossa terapeuta de ansiedade. Hoje está bem, suspendeu o medicamento sob minha orientação após um ano, tem crises leves a cada 6 ou 8 meses que maneja com a técnica de controle respiratório, o que dispensa a ida ao hospital, e por enquanto dispensa também a volta do antidepressivo. Seu diagnóstico: Transtorno do Pânico em comorbidade com episódio depressivo (este último já remitido).
Um ataque de Pânico pode acontecer com qualquer pessoa. Os médicos reconhecem um ataque quando ocorrem os seguintes sintomas:
• Crise súbita de apreensão e intenso desconforto somático em pessoa sem causa orgânica reconhecível
• Falta de ar intensa
• Dor ou palpitação no peito ou garganta
• Tremor
• Formigamento ou amortecimento de partes do corpo, especialmente a face, as mãos e pés
• Sudorese
• Palidez
• Outros sintomas físicos sem causa reconhecível
Os sintomas podem incluir todos os itens acima ou apenas uma parte, mas precisam ter se instalado rapidamente (em crise), estar acompanhados de sinais de ansiedade (que o paciente muitas vezes não percebe) e não ter outra causa que explique sua ocorrência ou intensidade. Pessoas sadias tem ataques de pânico ocasionalmente, uma ou duas vezes na vida. Ainda pode ser o seu caso se foi o primeiro ataque e você não está acometido de depressão ou outro distúrbio ansioso. A maioria das pessoas que são atendidas em pronto-socorros, no entanto, fazem parte desse segundo grupo, especialmente os deprimidos. Quando a depressão ou outro distúrbio ansioso (ansiedade generalizada, fobia social, TOC e outros que não o pânico) são a causa dos ataques, as crises costumam ser espaçadas, a cada 15 ou 30 dias e frequentemente são facilitadas por alguma situação estressante. Se a depressão ou outro distúrbio ansioso não estão presentes, e as crises se repetem com freqüência, o diagnóstico é o transtorno do Pânico, um distúrbio ansioso onde as crises são muito mais freqüentes e mais espontâneas. Um paciente com pânico tende a ter crises no mínimo semanais, mais freqüentemente diárias ou a cada 2 a 3 dias.
O que devo fazer?
Se você teve um ataque de pânico recentemente deve em primeiro lugar não se desesperar: todas as causas de crises são tratáveis e preveníveis e ser orientado por um psiquiatra ou psicoterapeuta cognitivo-comportamental pode ajudar a escolher o melhor tratamento. No caso de primeiro ataque em pessoa saudável, muitas vezes não é necessário tomar nenhuma atitude após o atendimento de emergência, e quando necessário para tranqüilizar o paciente, orientamos o treinamento respiratório como forma de capacitar a pessoa a manejar as crises com menos desconforto. A maioria das crises duraria apenas alguns minutos e não chegaria a ser forte caso a pessoa soubesse reconhecer que é um ataque de pânico, e não a iminência da morte, e se esforçasse em não ficar focado nos sintomas e sim em tentar respirar corretamente e relaxar o corpo. Para crises muito esparsas é o suficiente. Nos outros casos um psiquiatra ou clínico experiente em pânico devem orientar o tratamento. Para o transtorno do Pânico, uma vez que as crises são muito freqüentes, usamos com sucesso antidepressivos de ação serotonérgica pura ou combinada com ação noradrenérgica, em doses muitas vezes baixas, o que leva as crises ao espaçamento progressivo e diminuição da intensidade (cada vez menos sintomas) até que ocorra o bloqueio completo, em 45 ou 60 dias. Alguns pacientes podem usar também ansiolíticos (calmantes) para abrandar crises mais rapidamente. O treino respiratório também é realizado nesses casos, onde participa o terapeuta cognitivo-comportamental. Alguns pacientes, depois de várias crises, desenvolvem agorafobia, e esta complicação é tratada com psicoterapia cognitivo-comportamental estruturada. Caso haja depressão associada ou outro distúrbio ansioso, o psiquiatra irá adequar a escolha do tratamento à presença desse diagnóstico e à prevenção dos ataques, o mesmo acontecendo com a psicoterapia. Em todo caso, é necessário começar com um bom diagnóstico, o que torna necessário uma consulta ao especialista. Abaixo descrevemos a técnica do controle respiratório. É bastante simples mas precisa ser treinada para um bom desempenho, e em caso de dificuldade, a orientação de terapeuta cognitivo-comportamental no treinamento resolverá a maioria dos obstáculos ou erros de técnica.
Relaxamento respiratório:
1. Assuma uma postura relaxada.
2. Comece a diminuir a freqüência da respiração e a profundidade, não respire mais que doze vezes por minuto.
3. Não encha o peito, procure respirar provocando apenas o movimento abdominal, interrompendo a inspiração ao menor sinal de expansão do tórax.
4. Deixe de prestar atenção nas outras sensações corporais, concentre-se na respiração.
5. Com a respiração sob controle, procure relaxar a musculatura.
6. Volte à seqüência desde o início (postura, controle respiratório, desvio da atenção dos sintomas e relaxamento muscular) e a repita até voltar a se sentir bem.
Desde que chegamos ao restaurante, senti que não estava bem. A respiração era desconfortável, precisava suspirar às vezes. Nos sentamos numa mesa ao fundo e logo nossos amigos chegaram, ocupando as cadeiras da saída. Comecei a sentir calor, bebi um pouco de água mineral, que graças a Deus (pensei na hora) tinha chegado rápido. Não melhorei. Disse ao meu marido: "Preciso sair um pouco!"; estava constrangida, tinha que fazer todos levantarem para que eu saísse, e, para piorar, minha amiga me disse:
"Você está bem? Está muito pálida!"
"Não estou nada bem, acho que vou desmaiar."
Disse isso e senti, inesquecível, que minha respiração tinha parado e meu coração disparou, cada vez mais. Não conseguia falar e todos se alarmaram. Meu marido me levou ao carro e acelerou para o hospital, que era logo ali, do outro lado da rodovia, mas pareceu muito distante. Chegamos ao pronto-socorro, meu marido disse que eu estava morrendo enquanto dava informações para a ficha de atendimento. Me levaram às pressas para a cardiologia, com muita falta de ar, as mãos formigando e paralisadas, o coração disparado, tinha dor no peito e tremia. O médico estava atendendo um senhor, que parecia mal, eu não queria mais ficar ali, onde estava meu marido? Quando o cardiologista me atendeu, já haviam medido minha pressão e me dado oxigênio. Ele perguntou "Quantos anos você tem?" e acho que nem consegui responder "28". Me examinou, retirou o oxigênio, e disse que estava tudo bem, pediu para que eu respirasse mais devagar. Me fizeram um eletrocardiograma ("só rotina" me disseram), meu marido, mais calmo, repetia o que o médico disse: "Respire mais devagar..." Quando me trouxeram um remédio eu já estava melhor, mas tomei mesmo assim. Era um calmante. "Seu coração é saudável, não há nenhum risco aparente." Disse o médico. Mas eu achei que ia morrer! Você teve um ataque de Pânico, é apenas ansiedade ... Me disse que era comum, que podia acontecer de novo ou não. Estava ainda nervosa quando saímos de lá, mas não passando mal, tive um pouco de vergonha, o médico me aconselhou consultar um psiquiatra. No caminho para casa, chorei um pouco ..."
A paciente do relato acima foi atendida por mim há alguns anos. Tinha sido seu primeiro ataque e concluímos que apresentava um quadro de depressão leve já antes da crise. Iniciou tratamento com medicação antidepressiva que, como expliquei, também prevenia as crises. Teve melhora em poucas semanas e parou o medicamento. Meses após, voltou a piorar e a ter crises, várias. Voltou ao tratamento e aceitou fazer treino de controle respiratório com nossa terapeuta de ansiedade. Hoje está bem, suspendeu o medicamento sob minha orientação após um ano, tem crises leves a cada 6 ou 8 meses que maneja com a técnica de controle respiratório, o que dispensa a ida ao hospital, e por enquanto dispensa também a volta do antidepressivo. Seu diagnóstico: Transtorno do Pânico em comorbidade com episódio depressivo (este último já remitido).
Ter um ataque de Pânico pode acontecer com qualquer pessoa. Os médicos reconhecem um ataque quando ocorrem os seguintes sintomas:
• Crise súbita de apreensão e intenso desconforto somático em pessoa sem causa orgânica reconhecível
• Falta de ar intensa
• Dor ou palpitação no peito ou garganta
• Tremor
• Formigamento ou amortecimento de partes do corpo, especialmente a face, as mãos e pés
• Sudorese
• Palidez
• Outros sintomas físicos sem causa reconhecível
Os sintomas podem incluir todos os itens acima ou apenas uma parte, mas precisam ter se instalado rapidamente (em crise), estar acompanhados de sinais de ansiedade (que o paciente muitas vezes não percebe) e não ter outra causa que explique sua ocorrência ou intensidade. Pessoas sadias tem ataques de pânico ocasionalmente, uma ou duas vezes na vida. Ainda pode ser o seu caso se foi o primeiro ataque e você não está acometido de depressão ou outro distúrbio ansioso. A maioria das pessoas que são atendidas em pronto-socorros, no entanto, fazem parte desse segundo grupo, especialmente os deprimidos. Quando a depressão ou outro distúrbio ansioso (ansiedade generalizada, fobia social, TOC e outros que não o pânico) são a causa dos ataques, as crises costumam ser espaçadas, a cada 15 ou 30 dias e frequentemente são facilitadas por alguma situação estressante. Se a depressão ou outro distúrbio ansioso não estão presentes, e as crises se repetem com freqüência, o diagnóstico é o transtorno do Pânico, um distúrbio ansioso onde as crises são muito mais freqüentes e mais espontâneas. Um paciente com pânico tende a ter crises no mínimo semanais, mais freqüentemente diárias ou a cada 2 a 3 dias.
O que devo fazer?
Se você teve um ataque de pânico recentemente deve em primeiro lugar não se desesperar: todas as causas de crises são tratáveis e preveníveis e ser orientado por um psiquiatra ou psicoterapeuta cognitivo-comportamental pode ajudar a escolher o melhor tratamento. No caso de primeiro ataque em pessoa saudável, muitas vezes não é necessário tomar nenhuma atitude após o atendimento de emergência, e quando necessário para tranqüilizar o paciente, orientamos o treinamento respiratório como forma de capacitar a pessoa a manejar as crises com menos desconforto. A maioria das crises duraria apenas alguns minutos e não chegaria a ser forte caso a pessoa soubesse reconhecer que é um ataque de pânico, e não a iminência da morte, e se esforçasse em não ficar focado nos sintomas e sim em tentar respirar corretamente e relaxar o corpo. Para crises muito esparsas é o suficiente. Nos outros casos um psiquiatra ou clínico experiente em pânico devem orientar o tratamento. Para o transtorno do Pânico, uma vez que as crises são muito freqüentes, usamos com sucesso antidepressivos de ação serotonérgica pura ou combinada com ação noradrenérgica, em doses muitas vezes baixas, o que leva as crises ao espaçamento progressivo e diminuição da intensidade (cada vez menos sintomas) até que ocorra o bloqueio completo, em 45 ou 60 dias. Alguns pacientes podem usar também ansiolíticos (calmantes) para abrandar crises mais rapidamente. O treino respiratório também é realizado nesses casos, onde participa o terapeuta cognitivo-comportamental. Alguns pacientes, depois de várias crises, desenvolvem agorafobia, e esta complicação é tratada com psicoterapia cognitivo-comportamental estruturada. Caso haja depressão associada ou outro distúrbio ansioso, o psiquiatra irá adequar a escolha do tratamento à presença desse diagnóstico e à prevenção dos ataques, o mesmo acontecendo com a psicoterapia. Em todo caso, é necessário começar com um bom diagnóstico, o que torna necessário uma consulta ao especialista. Abaixo descrevemos a técnica do controle respiratório. É bastante simples mas precisa ser treinada para um bom desempenho, e em caso de dificuldade, a orientação de terapeuta cognitivo-comportamental no treinamento resolverá a maioria dos obstáculos ou erros de técnica.
Relaxamento respiratório:
1. Assuma uma postura relaxada.
2. Comece a diminuir a freqüência da respiração e a profundidade, não respire mais que doze vezes por minuto.
3. Não encha o peito, procure respirar provocando apenas o movimento abdominal, interrompendo a inspiração ao menor sinal de expansão do tórax.
4. Deixe de prestar atenção nas outras sensações corporais, concentre-se na respiração.
5. Com a respiração sob controle, procure relaxar a musculatura.
6. Volte à seqüência desde o início (postura, controle respiratório, desvio da atenção dos sintomas e relaxamento muscular) e a repita até voltar a se sentir bem.
Andre' Astete e' psiquiatra
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