Parte 2/3: Premissas gerais que governarão os médicos do futuro
Outra dificuldade que se me apresenta ao tentar apresentar-lhes a medicina do futuro, é que eu penso em termos de ciclos, e vocês pensam em termos de alguns breves anos.
O que na realidade estou tentando fazer é indicar as linhas para as quais tenderá a pesquisa médica durante os próximos duzentos anos. O esforço da abordagem atual é como curar uma pessoa aqui e agora; isto é uma reação natural, e os pensadores avançados procuram fazer isto nesta época por meio dos chamados modos de cura esotérica e mental.
Contudo, pouco se conhece sobre a constituição do corpo vital, e praticamente não existem pesquisas sobre este campo. A medicina moderna tem origem muito antiga. Tem-se desenvolvido ao longo dos séculos até a moderna perícia, pesquisa, e técnicas e métodos de tratamento e cura tão bem sucedidos. Frequentemente isto é esquecido devido à ênfase que os adeptos das novas escolas, ainda não testadas, dão aos fracassos de curas, que eles atribuem aos métodos usados, esquecendo-se das limitações impostas pelo carma.
O sucesso da medicina moderna é hoje tão grande que milhões de pessoas são mantidas vivas - se não curadas - e que, se fosse ha' algum tempo atrás,quando existia menor capacitação científica, já teriam morrido.
No grande desenvolvimento da ciência médica, e grande aptidão de tratar do mecanismo físico, encontra-se hoje o principal problema mundial - o problema da superpopulação do planeta, que leva a humanidade à vida de rebanho e consequente problema econômico - para mencionar apenas uma das dificuldades decorrentes deste sucesso. Esta "antinatural" preservação da vida é a causa de muito sofrimento e fértil fonte de guerras, sendo contrária à intenção cármica do Logos planetário.
Não posso tratar aqui deste imenso problema; posso apenas apontá-lo. Será resolvido quando o temor da morte desaparecer, e quando a humanidade compreender o significado do tempo e o significado dos ciclos.
Será simplificado quando for possível a verdadeira investigação astrológica, quando o homem souber a hora de deixar este plano exterior, e dominar a técnica da "retirada" e os métodos de abstração consciente da prisão do corpo. Mas antes disso, muita pesquisa terá que ser feita. Porém, o fato de reconhecer o problema e de que as conjecturas e investigações sejam muitas, indicam que é chegada a hora - tanto do ponto de vista cármico quanto do ponto de vista do desenvolvimento evolutivo humano - para o estudo do corpo etérico, dos raios condicionantes que governam sua manifestação no espaço, e da astrologia que governa sua manifestação no tempo.
É por esta razão que o mundo hoje está cheio de grupos em revolta contra a medicina ortodoxa - em revolta equivocada, porque em seu fanático entusiasmo pela sua particular abordagem ao problema da cura, eles ignoram os aspetos benéficos da ciência médica desenvolvida. Tentam, assim, rejeitar a contribuição dos séculos ao conhecimento do homem sobre o organismo humano, suas inter-relações, seu tratamento, cura e preservação; não se aproveitam da sabedoria do passado; antes preferem encetar viagem no mar de pesquisa com espírito de revolta, cheios de preconceitos e totalmente despreparados para a tarefa a que se propõem.
Os diversos tipos de terapias naturalistas, os professores de métodos de cura pela eletricidade ou luz e cores, os nutrólogos com métodos infalíveis de cura para todas as doenças, muitos praticantes de sistemas fundamentados no método Abrams de diagnóstico; e muitos que advogam os métodos quiropráticos, assim como os vários sistemas de cura completamente divorciados da medicina, mas que se propõem a produzir curas, são todos eles indicativos de novas e esperançosas tendências. São, contudo, de natureza extremamente experimental, e tão fanaticamente apoiados, tão excludentes de todos os métodos de cura reconhecidos (exceto os seus próprios), tão violentamente opositores a todas as descobertas do passado, e tão avessos à cooperação com a medicina ortodoxa que, em muitos casos, eles se tornam um real e definido perigo para o público. Em grande parte, sua própria abordagem equivocada é responsável por isto; sua indubitável ignorância do corpo humano, seu ataque às práticas médicas existentes (mesmo as de comprovado valor), e sua tendenciosa crença na infalibilidade de suas técnicas experimentais, os tornam alvo dos ataques da rígida medicina ortodoxa e dos fundamentalistas dentro do círculo fechado da medicina acadêmica.
Contudo, nas fileiras da medicina há muitos homens esclarecidos que estariam prontos a cooperar se os pequenos, mas altissonantes cultos abrissem mão de sua intransigência e se dispusessem a cooperar e aceitar aquilo que o instinto divino, ao longo das eras, tem ensinado a respeito da cura do corpo humano.
Será através da colaboração das novas escolas experimentais e dos antigos e comprovados métodos que a medicina do futuro se desenvolverá. O valor de todos os muitos grupos - bons e indiferentes - reside no fato de que eles apontam o caminho em direção a novas tendências e indicam as linhas ao longo das quais a medicina do futuro pode enriquecer-se e melhor adaptar-se às necessidades do homem. Eles são ainda demasiadamente experimentais para merecer confiança, e ainda não estão cientificamente comprovados. São grupos pioneiros, e têm uma real contribuição a dar, mas isto só será possível quando se divorciem do passado e se disponham a comprometer-se com o presente.
A medicina acadêmica é o resultado de uma dádiva de Deus: a mente humana; é comprovadamente uma expressão divina e uma força no mundo das mais benéficas, apesar das fraquezas humana, da exploração comercial e dos muitos erros. O mesmo acontece com a religião, e estas duas grandes ciências precisam eliminar as posições reacionárias e fundamentalistas, e então prosseguir, com a mente aberta, para os novos caminhos de abordagem à divindade e ao bem-estar físico.
Poder-se-ia dizer que minha principal contribuição neste momento é indicar as causas das doenças e da má saúde que não são reconhecidas pela medicina ortodoxa, a qual trata dos efeitos destas causas sutis ao atuarem sobre o corpo físico e o sistema nervoso. Não estou lidando (como já disse antes) com os sintomas da doença, com diagnósticos médicos ou com sistemas de aplicação de meios físicos para trazer curas ou alívio. Isto tem acompanhado a crescente capacidade do homem para descobrir e saber.
Permitam-me repetir que estou assentando as bases para uma aproximação ao tema do corpo físico - sadio ou doente - que dirá respeito primariamente ao corpo etérico. Isto deve levar eventualmente a uma acumulação de conhecimentos sobre a energia, seus pontos focais e distribuição no corpo etérico, que igualará o conhecimento exato já adquirido sobre o corpo físico, conhecimento este que já é um fato.
O estudo da doença herdada indica um leve reconhecimento das dívidas e tendências cármicas. Contudo, há um erro na crença de que essas tendências sejam encontradas nos germes da vida e da substância reunidos no momento da concepção, e que portanto, o pai ou a mãe sejam responsáveis pela transmissão. Isso não é assim. O sujeito em encarnação - sob o ângulo da alma - de forma definida e consciente, escolheu seus pais pelo que eles podem contribuir para a sua estrutura física enquanto ele estiver encarnado.
Por isso o corpo vital é de tal natureza que o homem está predisposto a um particular tipo de infecção ou de doenças; o corpo físico é de natureza tal que sua linha de menor resistência permite o aparecimento e controle daquilo que o corpo vital torna possível; a alma que está encarnando produz, em seu trabalho criativo e em seu veículo vital, uma constituição particular para a qual os pais escolhidos contribuem com uma definida tendência. Daí o homem não oferecer resistência a certos tipos de doença. Isto é determinado pelo carma do homem.
É bem conhecido pelos estudantes de ciência esotéricas que o corpo físico é simplesmente um autômato, que responde a e é ativado por um corpo sutil de energias que são a verdadeira expressão do ponto da evolução. Este ponto na evolução pode ser o de controle da personalidade, através de um ou outro de seus corpos, ou o de controle da alma. Estes são fatos que a profissão médica precisa apreender, e quando o fizer, grandes passos terão sido dados.
Os estudantes esotéricos estão prontos a reconhecer que o corpo físico é automático na sua resposta à impressão emocional, mental ou da alma; contudo, o corpo etérico está tão estreitamente entretecido com o veículo físico que é quase impossível separar os dois na consciência; esta separação não será provada, ou possível, enquanto a ciência da energia etérica e o desenvolvimento da percepção clarividente não demonstre a veracidade do que eu digo. Esta é também uma repetição necessária.
A ciência médica, através de seu estudo do sistema nervoso e seu reconhecimento do poder do pensamento sobre o corpo físico, está movendo-se rapidamente na direção correta. Quando ela admitir, em relação ao corpo físico, que "a energia segue o pensamento", e então começar a experimentar com o conceito de correntes de pensamento (como são erroneamente chamadas) que são dirigidas para certas áreas do corpo etérico - onde os esoteristas afirmam existir pontos ou centros de energia - muita coisa então será descoberta.
A Ciência Cristã tem uma boa concepção em seu conceito original básico da mente como um fator permanentemente existente: sua ênfase excessiva sobre a mente, sua apresentação idealista da natureza humana, sua expectativa da capacidade humana de demonstrar hoje e imediatamente um filho de Deus em manifestação (sem os desenvolvimentos necessários ou intermediários) e sua contraditória posição de usar a energia da mente principalmente para necessidades físicas tem negado redondamente seus dogmas básicos. Do contrário, o Homem poderia ter continuado a ficar permanentemente iludido. Se a Ciência Cristã tivesse cumprido a intenção original do grupo de iniciados que procurou influenciar a humanidade por seu intermédio, e se tivesse desenvolvido corretamente a ideia de que a energia segue o pensamento, a ciência médica teria sido grandemente beneficiada.
Sua apresentação foi tanto elevada demais quanto baixa demais, e uma grande oportunidade foi perdida. A Ciência Cristã falhou, do ponto de vista da Hierarquia, e sua utilidade foi amplamente negada.
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