RAMATÍS: O SUICÍDIO
RAMATÍS
PERGUNTA: Como é visto no campo espiritual o problema do suicídio?
RAMATÍS: Não podemos esquecer que a sementeira é livre, porém, a colheita obrigatória. Portanto, o suicídio pode ser interpretado ora como patológico, ora como desespero por causa da perda de bens materiais, ora como resultado de paixões insatisfeitas e, ora como punição a alguém. Em qualquer dos casos, continua sendo crime doloso e, consequentemente, sujeito às penalidades legais, começando por ter o suicida de encarnar novamente para completar o ciclo vivencial interrompido e, depois, outra reencarnação de risco para colher a sementeira de joio, saldando seu débito na contabilidade sideral, perdendo tempo e energia na sua evolução espiritual.
O suicida é um trânsfuga das responsabilidades por ele criadas. Fugindo do dever cármico, não só prolonga sua aspiração libertadora, como aumenta seu saldo negativo diante da Lei de Ação e Reação.
PERGUNTA: Mesmo no caso das doenças mentais, como nas Psicoses Maníaco-depressivas, fase depressiva, ele ainda está sujeito às penas?
RAMATÍS: Segundo critérios médicos simplificados, doenças podem ser: hereditárias, degenerativas e infecciosas. E as depressões mentais, de qualquer o ge , são consideradas, hoje, como geneticamente transmissíveis, e espiritualmente, seriam deflagradas pela programação perispiritual, . resultante do primarismo anímico do ser, ou de seus vícios, paixões, sentimentos impuros, ações dolorosas e, sobretudo, pelas agressões alcoólicas, tabagistas, substâncias euforizantes ou alucinatórias, que carregam a contextura sutil do perispírito de material denso e impróprio para sua futura ascensão angélica. Jesus disse: "Vós sois deuses" e ninguém poderá alcançar a divindade, sem antes ter vestido o traje resplandecente e imaculado para as bodas eternas com o bem e o amor. Assim, pode-se estacionar nos vales das trevas até por milênios, porém, a centelha divina de cada um procura a luz de onde veio para poder brilhar conforme sua destinação, desde o momento da própria individualização no seio do universo.
PERGUNTA: Gostaríamos que esclarecêsseis melhor sobre o suicídio por doença.
RAMATÍS: Sempre há uma alteração mental nos casos de suicídio, não importando que essa alteração seja fruto de uma doença, como o câncer, ou de abusos de substâncias
psicoativas ou de qualquer outra causa exterior, porque o motivo fundamental está no
perispírito por ser o registro da memória do indivíduo em suas vidas, desde o elétron ao homem. o "akhasa" dos mestres indianos, que poderíamos interpretar como sendo a memória de Deus manifestando-se na energia grosseira, a qual manda viver e evoluir sempre e não procurar a fictícia morte como a cessação da vida, pois, sabemos da sua inexistência no Universo. A morte é simples transformação da forma em energia, ou vice-versa. Logo, qualquer que possa ser a razão do suicídio, ele somente terá retardado a evolução espiritual e, muitas vezes, nos casos de doentes terminais, há o malogro do resgate cármico, quando estava praticamente realizado, tendo o espírito, além de completar o tempo restante, ainda que retornar para nova experiência vivencial, porém, com o agravamento de sua dívida.
PERGUNTA: Não constituiria um atenuante nos casos de suicídio, quando a noção de honra e dignidade leva a pessoa a ele, ou pela perda de seus bens?
RAMATÍS: - A grande Lei leva em consideração um u uma vírgula, da ação humana e de sua motivação, e udo é pesado e medido com exatidão. Assim, a honra e a dignidade humana são levadas em conta, como efeito de uma educação dentro dos padrões superiores da conduta humana; e, também, será observada e computada a quantidade da vaidade, do orgulho e de outros defeitos dos humanos. Tudo isso será adicionado à conta cármica para a próxima reencarnação; todavia, a nova experiência na matéria terá de ser feita em situações mais precárias. Já a perda de bens materiais, como causa do auto-extermínio, é considerada um agravante e, logo, levará a um reajuste ainda mais penoso, porquanto o espírito encarnado nada tem e nada leva do universo da forma, a não ser o bem praticado, o amor desinteressado e a sabedoria adquirida. Isso tudo representa os tesouros do Céu; o resto são os bens terrenos, que passaram a ser corroídos pela ferrugem do tempo.
PERGUNTA: Temos sabido de alguns casos em que jovens desiludidos por desenganos amorosos, ou por não aceitarem as restrições familiares, bem como cônjuges abandonados pelo outro, deixam uma comunicação, culpando algo ou alguém, como causa de seu suicídio. Isso pode ser considerado como motivo relevante ?
RAMATÍS: Não. Lembramos sempre a diferença entre a vida eterna e a momentânea. A primeira é a conseqüência de todo o acervo acumulado no perispírito, enquanto a segunda é o reflexo desse acúmulo no instante fugidio de uma existência terrena.
Sabe-se ser a ascensão espiritual produto do trabalho constante da razão humana para vencer impulsos instintivos Sob a Luz do Espiritismo animais e, portanto, casos de frustrações em nome de um pretenso amor, ou de uma paixão irrefreável, causar o ato irracional da própria morte, somente se demonstra o atraso da individualidade que necessita o devido corretivo pedagógico, na sublime escola da vida. O mesmo poder-se-ia argumentar quanto aos adolescentes rebeldes, que se matam com a intenção de punir os pais, cujo único interesse é a felicidade deles, educando-os para que sejam
cidadãos úteis e responsáveis na sociedade, onde terão de se integrar um dia.
PERGUNTA: Dai-nos o julgamento superior, nos casos de suicídios induzidos pelo uso de drogas.
RAMATÍS: Representam esses casos uma dupla transgressão: a eliminação do corpo físico, o escafandro do perispírito para sua manifestação terrena e a falta de higiene mental na preservação do cérebro orgânico, principal veículo da manifestação da essência na forma.
As drogas sempre foram usadas nos cultos antigos e hoje estão aí, podendo ser facilmente adquiridas, porém, muitos experimentam e somente uma porcentagem torna-se dependente.
PERGUNTA: O hábito alcoólico também leva a alterações mentais e, muitas vezes, ao suicídio e, como é um costume socialmente admitido, não seria a culpa da sociedade e não do indivíduo?
RAMATÍS: Se assim pensarmos, como alguns sociólogos, o indivíduo nunca terá qualquer culpa e julgaremos a sociedade como delinqüente. Entretanto, segundo a antropologia, teria surgido primeiramente o homem, depois reunido em famílias nucleares, as quais formavam os grupos, que, reunidos, constituíram as tribos e, assim progressivamente, até alcançar o estágio social atual com a complexidade de todos conhecida.
A evolução natural do homem, como agente dos usos e costumes sociais, evidencia-se pelas próprias transformações dos agrupamentos humanos; é o homem doente que faz um ambiente doentio e, quando evoluir do egoísmo ao altruísmo, ter-se-á uma sociedade mais justa e igualitária. Não é a modificação do meio que irá transformar o homem, como pregam certos doutrinadores socialistas, mas, o ser humano, quando aderir aos postulados da eterna sabedoria, encontrada nos ensinamentos dos grandes mestres espirituais. Não é o ambiente que faz o homem, porém, o homem é o agente transformador do ambiente, sob todos os aspectos.
DO LIVRO: "SOB A LUZ DO ESPIRITISMO" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO CONHECIMENTO.
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