Preencher de consciência e vontade cada minuto.
Rosa Montero
...
O maior desafio é o interior.
Como viver a vida quando você fica sem truques defensivos ou disfarces?
A vida crua e limpa no lento e incandescente tempo da peste. Entre os piadas maravilhosas e reconfortantes que circulam nas redes (bendita tecnologia que nos une), recebi esta: "Uma amiga diz que, com este isolamento em casa, tem conversado um bom tempo com o marido".
Esta é a questão: tentemos achar-nos simpáticos. Ou tentemos, simplesmente, nos achar.
Quando o barulho e o movimento incessante param, fica o real. Aguentar semanas com crianças que você costuma encostar em algum lugar. Conviver de verdade com o seu companheiro em um espaço estreito e aprender não só a escutá-lo, mas também a respeitar sua ausência na presença. Suportar a sua solidão, se você mora sozinho, e conseguir se sentir confortável nela. E, acima de tudo, gerenciar bem o tempo. Em vez de perdê-lo, queimá-lo, jogá-lo fora, como fazíamos na agitação da normalidade, agora temos uma oportunidade única para habitar o presente. Para preencher de consciência e vontade cada minuto. Para discernir entre o essencial e o supérfluo.
Vamos tentar fazer com que esta prova e a dolorosa ressaca econômica que virá, nos ensine, pelo menos, a ser um pouco melhores.
Comentários