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No Dia da África, uma só voz por justiça e reparações


União Africana

Brasil 247

Ao celebrar os 62 anos da União Africana, continente reafirma luta contra o legado da escravidão, do colonialismo e do racismo sistêmico.

No 25 de maio, data emblemática para o continente, líderes africanos voltaram a erguer sua voz em uníssono por justiça, reparações e reconhecimento histórico. A celebração do Dia da África marcou os 62 anos de fundação da antiga Organização da Unidade Africana (OUA), hoje transformada em União Africana (UA), reafirmando o compromisso com a memória, a dignidade e o futuro do povo africano, destaca reportagem da Prensa Latina.

Em 2025, a União Africana declarou o “Ano da Justiça para os Africanos e os Afrodescendentes por meio de Reparações”, lançando uma agenda que visa enfrentar séculos de injustiças históricas. A proposta aborda não apenas o tráfico transatlântico de escravos, mas também as feridas abertas pelo colonialismo, pelo apartheid e por diversos episódios de genocídio ao longo da história do continente.

“O tema deste ano traz à tona memórias e uma história muitas vezes dolorosa, tanto antiga quanto contemporânea”, afirmou Mahmoud Ali Youssouf, presidente da Comissão da União Africana, durante a cerimônia em Adis Abeba, capital da Etiópia e sede da UA. Para ele, a data é mais que uma comemoração: é um “momento de lembrança e comunhão entre todos os africanos”.

Em seu pronunciamento, Youssouf destacou que os crimes cometidos contra milhões de africanos ainda não receberam a devida justiça. “As reparações demoram a chegar”, reconheceu. Contudo, ele reforçou que a África não permanece paralisada pelo sofrimento. “A África continua a fazer sacrifícios repetidas vezes para se libertar dos horrores do conflito, do subdesenvolvimento e da guerra”, declarou com firmeza.

A campanha por reparações não se limita a compensações financeiras. A UA propõe uma abordagem abrangente que inclui medidas de justiça econômica, reconhecimento cultural, valorização espiritual e inclusão política. As ações pretendem beneficiar não só os povos africanos, mas também as comunidades afrodescendentes espalhadas por todo o mundo, frequentemente marginalizadas ou invisibilizadas.

A organização também insiste no reconhecimento do papel crucial das diásporas africanas. “É preciso reconhecer a contribuição das pessoas de ascendência africana para a sociedade, valorizar sua diversidade cultural, respeitar seus direitos humanos, promover a inclusão e desmantelar o racismo sistêmico”, diz a declaração da UA.

Mahmoud Ali Youssouf lembrou que o continente já não pode ser subestimado no cenário internacional. “A África não pode mais ser ignorada. Sua adesão ao G20 não é apenas uma participação merecida, mas também um reconhecimento global da importância do continente”, afirmou. Ele destacou ainda que os vastos recursos naturais, a juventude dinâmica e a capacidade produtiva africana devem ser preservados e geridos com soberania. “É nossa responsabilidade, como africanos, proteger esses recursos em benefício das gerações presentes e futuras”, completou.

O dirigente reforçou o papel histórico do pan-africanismo como base da unidade e da resistência africanas. “O pan-africanismo foi construído pelos nossos antepassados não apenas com base nas aspirações legítimas dos nossos povos, mas, de forma mais ampla, numa série de objetivos estratégicos que refletem o pensamento crítico para o futuro deste continente e dos seus povos”, recordou.

Neste ano simbólico, o Dia da África não é apenas uma celebração cultural, mas um chamado político e ético por transformações profundas. A mensagem foi clara: sem justiça e reparações, não há reconciliação verdadeira com o passado — e tampouco futuro justo para o continente africano e sua diáspora global.

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