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Os Amigos de Caminhada!

Waldo VieiraRelato de Viagem Astral

 
 
LIÇÃO DE FRATERNIDADE
Waldo Vieira

19 de dezembro de 1979, quarta-feira. Temperatura: 25 graus. Umidade: 68%. Deitei-me de costas no leito, às 10 horas e 11 minutos da noite.
Eu me vi fora do soma (corpo físico) com a consciência clara e o raciocínio tranquilo e fui conduzido, a uma longa distância, por um amigo até junto de uma consciex (consciência extrafísica) noutro país e noutro continente, que me recomendou apenas segui-la, confiantemente, por onde ela fosse, sem sair de perto.
A consciex feminina, parecendo estar sempre concentrada, numa serenidade inabalável, vestia traje simples de monja e comunicou-me logo influxo agradabilíssimo de energia, apenas com a presença.
Uma sensação de liberdade, deslumbramento e senso de fraternidade indescritíveis me invadiram, numa exaltação consciencial incrivelmente contida. Embora na crosta planetária, usufruía de leveza invulgar do psicossoma (corpo emocional = corpo astral). Senti logo que estava diante de uma consciência de elevado nível evolutivo. Tudo em seu ego transpirava harmonia e bem estar, no entanto, daí a pouco viria a saber, no íntimo, sofria, tinha compaixão pela dor humana.
Experimentei, nas entranhas do eu, a dor de todo o mundo ao tentar aproximar-me ainda mais da psicosfera daquela consciência extraordinária.
Chegamos a lugar paupérrimo, tomado de casas e pequenos quintais com árvores mirradas. O ambiente diverso do Brasil, era bem primitivo e necessitado, claramente visível no dia claro.
A consciex raramente ficava com o psicossoma ereto, de pé. Por toda parte, mesmo durante a volitação (flutuação) daqui para ali ou deslizando pelos lugares terrestres mais íngremes, ela seguia como se estivesse sentada com as pernas cruzadas, numa posição típica à moda ioga, talvez procurando manter as energias em disponibilidade pelo esforço da meditação. Só movia os braços mansamente.
Procurei fazer o mesmo, dentro de minhas possibilidades, por onde íamos. Estivemos em dezenas de tugúrios, onde a benfeitora visitava os doentes, em zonas rurais de difícil acesso, num descampado onde se reunia uma multidão sob a luz do Sol, numa espécie de creche com crianças enfermas, numa instituição de irmãs religiosas parecendo católicas, numa prisão abarrotada de homens maltrapilhos, sujos e barbudos, em grande promiscuidade.
Por toda parte, a mensageira, num silêncio absoluto que tudo compreendia, espalhou inspirações e energias para melhoria da saúde, dos ânimos, da pacificação, do entendimento fraterno, que se experimentava fluindo da sua consciência. Senti, ao seu lado, o meu íntimo pleno de compaixão, júbilo, ternura, compreensão, humanidade, abnegação, e todas as idéias e os sentimentos elevados e construtivos de que ainda não sou capaz de produzir por mim mesmo.
Onde chegávamos, as consciexes presentes se afastavam, reverentes em silêncio, à aproximação da Amparadora, inclusive rebeldes assediadores e enfermos mentais. Não presenciei nenhuma confrontação energética, habituais aos trabalhos de desassédio e assistência extrafísica. Parecia que chegava com a emissária do bem, uma varredura dos infortúnios enxaguando com água viva as consciências e os elementos. É fantástico o poder do amor puro!
Não sei expressar, sinceramente, a profundidade do que vivenciei durante a excursão com essa Amparadora, verdadeira trajetória de luz e paz.
Intriga-me o fato de que nada perguntava, somente socorria. Já chegava sabendo tudo, a respeito de todos, melhorando consciências e ambientes, como se fosse por mágica.
Ela dispunha de metodologia precisa para auxiliar, colocando-se acima de todas as desavenças, rótulos, fronteiras e emoções terra-a-terra, como se fora uma bênção que se projetou do infinito e materializou-se, ali em meio ao sofrimento e à incompreensão.
Mais uma vez, os fatos extrafísicos confirmam: o emocionalismo constitui desequilíbrio-involução e a serenidade atesta o equilíbrio-evolução. Estranho, mas o amor puro é tranquilo.
Não posso esquecer aqui um incidente. Ao avistar algumas criações humanas negativas junto a uma construção, em meio às quais distingui cartazes e alguns instrumentos parecendo armas, a consciex estendeu simplesmente os braços e, em segundos, todo o material ardia fisicamente num fogo brando que se apagou logo e toda a parafernália dos trastes humanos desaparecera, ficando em seu lugar as manchas escuras das labaredas. Como explicar o fato e enquadrá-lo dentro das leis conhecidas? O acontecimento constituiu a maior prova de que a matéria densa e as construções extrafísicas são substâncias derivadas da mesma fonte. Falta a nós, humanos, o know-how, ou o modus faciendi, e a energia para operar prodígios, sem nenhuma derrogação dos princípios universais, manipulando a matéria, ou vice-versa, simultaneamente.
Como sempre, a projeção consciente leva o indivíduo a ter contato com graus variados de experiências supranormais, fora de toda previsão. Que energia extraordinária possui uma consciência superior? Quanto esforço essa estrela-usina-de-desassédio-e-de-assistência-extrafísica não deve ter despendido para chegar a tal ácume de desenvolvimento?
Uma das crianças, com alguns dias de vida, das que estavam no interior da creche rústica, assistida especialmente pela consciex, recebeu uma transmissão de fatores nutrientes energéticos tão fortes que pareceu crescer de tamanho sob a minha observação. Uma enfermeira ao entrar, notou a diferença das condições intrafísicas da recém-nascida e saiu para o pátio, alegre, com o bebê nos braços.
Outra criança nos seus 7 anos de idade, que estava naquela instituição, entreviu a presença da Amparadora, porque ficou estática, fixando a direção dela, até que, compadecida, a consciex pôs-lhe a destra na cabeça. A garota sorriu, feliz, e deixou o recinto cantarolando e dançando.
Não ouvi, durante todo o período de vivências extrafísicas, nenhum diálogo transmental da consciex, que não perdeu um momento sequer de auxílio sob todas as formas, acionando o seu dínamo interior de afeto puro para as criaturas de todas as condições e procedências que deparou pela frente. Talvez essa tenha sido a maior lição de fraternidade pura que já recebi nesta seriéxis. A consciex devia saber isso ao me despedir, em silêncio, apenas com a paz dos meus pensamentos de gratidão.
Despertei-me no soma e verti lágrimas sentidas por alguns minutos, quando me lembrei do relógio. A existência humana exigia continuação. Eram 11 horas e 43 minutos da noite. Levantei-me para grafar as reminiscências da projeção que chegaram à minha memória impertubavelmente nítidas.

(Extraído do livro: Projeções da Consciência / Waldo Vieira)

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