Tomar consciência de que podemos viver o momento presente com mais sossego é fundamental para a saúde mental
O Nosso Tempo
Sibele Oliveira
Em tempos normais, a tecnologia é apontada como uma das responsáveis por engolir o nosso tempo é a forma como usamos a tecnologia, que preenche um espaço cada vez maior nas nossas agendas. "O constante bombardeio de estímulos visuais e auditivos captam a nossa atenção e a desfocam do tempo. Esse aumento do uso da tecnologia prejudica a nossa relação com o tempo e interfere em diversos aspectos de nossas vidas". E contribui para nos perdermos na administração diária do nosso tempo, já que mensagens e solicitações chegam aos nossos celulares, tablets e computadores sem parar.
Mas o inimigo não é a tecnologia. Somos nós mesmos, quando não conseguimos ter um equilíbrio entre o tempo que ficamos conectados e o que passamos longe das telas. Para compensar as horas perdidas no ambiente virtual, nos forçamos a ser mais ágeis nas outras tarefas. E assim nos tornamos uma geração de pessoas rápidas, mas nunca o suficiente. "Acabar com a tecnologia não é possível nem necessário. Mas tomar consciência de que podemos viver o momento presente com mais sossego é fundamental para a saúde mental", alerta Lidia Weber, professora de psicologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Agora na pandemia, quem pode cumprir o isolamento social sentiu essa relação mudar um pouco. Algumas pessoas que trabalham em home office, por exemplo, se queixam de não estar dando conta do trabalho. E o problema não é falta de tempo. "É que ele ficou embaralhado com outras questões psicológicas. E essa relação [com o tempo] está intimamente ligada com todas as dúvidas da pandemia, medo, insegurança e vulnerabilidade. É como um simulacro de um estado de depressão", destaca Weber. Muitos de nós estamos vivendo uma contradição. Por um lado, estamos quase na metade do ano e talvez não tenhamos produzido tanto quanto gostaríamos. Por outro, os dias demoram a passar. Ficamos horas seguidas vendo séries de televisão ou ocupados com outras distrações.
Essa mudança abrupta da rotina atinge em cheio a saúde psíquica. A nossa atenção já não é a mesma. Experimentamos emoções negativas e obsessivas. Pensamos sem parar nos acontecimentos ruins. As consequências disso? "Aumenta o estresse, a ansiedade, os pensamentos ruminantes e a predisposição para episódios depressivos", enumera a psicóloga. O importante nesse momento, segundo ela, é não nos cobrarmos tanto.
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https://www.uol.com.br/vivabem/reportagens-especiais/o-tempo-esta-voando-ou-nos-que-andamos-apressados/index.htm#page4
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