A Arte de Relacionar-se.
Desde uma simples discussão de idéias entre amigos, até as guerras, tudo passa pela relação EU E O OUTRO.
Segurança, paz, confiança, respeito, amor, solidariedade, fidelidade... Permanecem como conceitos e estão perdidos nos textos, nas palavras. Não é uma situação dos dias de hoje não. Nós estamos numa jornada evolutiva que fatalmente nos conduzirá ao ápice: à compreensão de que todos somos um todo orgânico e que tudo que acontece em qualquer parte do planeta, com qualquer criatura - não somente com o reino humano - nos afeta profundamente.
Se nos propusermos a melhorar nossas relações mais próximas, com nossos filhos, nossos pais, nossos irmãos, amigos, com a natureza, já estaremos contribuindo para uma profunda mudança social, mundial, planetária...
Que melhora seria essa?
Propor-nos a relações íntegras, sem jogos de poder, sem máscaras, sem competição, etc. O que é absolutamente comum entre pais e filhos, maridos e esposas, irmãos, colegas de profissão... Temos quase que tão somente relações condicionadas, ex: (se você não fizer isso não te dou aquilo; se você continuar assim vai me matar; isso me faz ter orgulho de você; assim você me envergonha, tenho muitos planos para você, você é tudo que sempre esperei, eu vou te fazer feliz, etc.).
Aceitar o outro como é, sem lhe impor mudanças para que seja possível o relacionamento, sem colocar expectativas, e jamais esquecendo do auto- respeito. Nada nos obriga a nada - principalmente a situações de opressão, subjugação. Ou seja, em qualquer forma de desrespeito, a escolha sempre deve ser o afastamento para a auto-preservação. Esse afastamento, no entanto, deve acontecer sem rancores ou mágoas, mas com um entendimento de que neste momento isto é o possível; sem jamais esquecer que o OUTRO é meu espelho, que não estamos separados...
Porém, sem um mínimo de auto-conhecimento, ou melhor, de integridade, nada é possível. Vivemos distraídos de nós mesmos, mentindo e fingindo ser o que não somos, dizer sentir o que não sentimos, fazer o que não queremos, correndo, competindo, atendendo a expectativas, nos traindo, com medo. Tudo principia no relacionamento que temos conosco.
Como buscamos e queremos respeito se não temos por nós mesmos?
Antes de qualquer coisa precisamos SER, até para ter o que oferecer.
A maioria dos relacionamentos se faz de necessidades, carências, projeções. Como se pode evoluir, crescer com esse tipo de relação? O resultado é sempre frustrante, limitante, desgastante, conflitante e chegando-se quase que, invariavelmente, a rupturas ou convivência de fachada, onde todo mundo está infeliz mas com muito medo da mudança necessária.
Não é a família que está em crise ou falida, nem tampouco o casamento, mas sim a matéria prima de que se fazem as relações - o SER.
Existe a necessidade de aquietamento, reflexão, solitude, até para uma reavaliação dos valores que norteiam nossas relações.
Todas as mudanças são sinais de evolução, mesmo que se julgue ao contrário.
Hoje o casamento e a família apresentam novas características que sinalizam uma transformação evolutiva para o verdadeiro AMOR (incondicional), onde se quebram crenças e valores como tradição e propriedade.
E é só dessa maneira que poderemos chegar ao novo: mudando, transformando. Não tem como nascer para o novo se não morrer para o velho.
Ana Cristina Pereira (Terapeuta Transpessoal)
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