O verdadeiro regresso à Natureza é, pois, um 'ingresso', uma entrada do homem para o seu próprio interior, espiritual, eterno, divino.
RETORNO À NATUREZA
"Quando se fala do
'retorno à Natureza', muitos entendem esse retorno, apenas, no sentido de
Rousseau, como um refúgio à Natureza externa, física, aos campos, aos bosques,
às praias e às montanhas. Mas o verdadeiro retorno é outro. O homem moderno
nunca voltará aos tempos do homem pré-histórico, ou dos selvícolas das nossas
florestas. A verdadeira natureza do homem é espiritual, divina. O verdadeiro
regresso à Natureza é, pois, um 'ingresso', uma entrada do homem para o seu
próprio interior, espiritual, eterno, divino. O homem primitivo, vivendo em
plena natureza material, não é o homem realmente natural; ele é ainda
infranatural, assim como o homem moderno é desnatural ou antinatural. Só quando
o homem atinge a sua verdadeira natureza espiritual é que ele se torna
plenamente natural - e só então começa ele a compreender a alma da Natureza em
derredor dele. Os nossos poetas e romancistas, não raro, celebram os encantos da
Natureza; mas a maior parte deles só conhece o corpo da Natureza, ignorando-lhe
a alma.
Só o homem
que encontrou dentro de si a natureza da alma é que pode compreender a alma da
Natureza fora de si mesma. Para, de fato, compreender a Natureza de Deus deve o
homem compreender o Deus da Natureza.
Hoje em dia,
milhares de pessoas das grandes cidades passam os domingos e feriados em seus
sítios. Infelizmente, muitos desses 'sitiantes' são verdadeiros 'sitiados',
porque vivem em voluntário 'estado de sítio'. O fato de não terem encontrado a
sua natureza interior não os deixa viver na simbiose com a alma da natureza
exterior. Fugiram da poluição material da cidade, mas carregam consigo e
transferem para o campo e o mato a sua poluição mental e espiritual. Quem, no
sítio, lê jornal, tem rádio e televisão, recebe visitas tagarelas, não é um
sitiante, é um sitiado. O verdadeiro sitiante vai dormir cedo e acorda cedo, com
o sol, ou antes dele. Planta árvores frutíferas para si e sua família e para os
passarinhos. Não mata passarinhos nem os aprisiona em gaiolas. Convive com a
alma de todos os seres vivos."
(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade -
Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p.
137/138)
http://chavesparaasabedoria.blogspot.com/2015/04/retorno-natureza.html
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