Zygmunt Bauman - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos ( video)
Zygmunt Bauman - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos
O
sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais respeitados
da atualidade. Bauman tem um histórico de vida que passa pela ocupação
nazista durante a Segunda Guerra Mundial, pela ativa militância em prol
da construção do socialismo no seu país sob a direta influência da
extinta União Soviética e pela crise e desmoronamento do regime
socialista.
Professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, Bauman propõe o conceito de “modernidade líquida” para definir o presente, em vez do já batido termo “pós-modernidade”, que, segundo ele, virou mais um qualificativo ideológico.
Aos 89 anos, seus livros venderam mais de 200 mil cópias. Um resultado e tanto para um teórico.
Zygmunt Bauman nasceu no dia 19 de novembro de 1925, em Poznán na Polônia. Membro de uma família de judeus não praticantes, tive que emigrar com sua família para a Rússia, quando os nazistas invadiram a Polônia.
Ele iniciou sua trajetória acadêmica na Universidade de Varsóvia, mas logo foi obrigado a deixar a academia.
Em 1963, Zygmunt Bauman foi censurado e afastado da Universidade de Varsóvia por causa de suas ideias, consideradas subversivas no comunismo.
Sem muitas perspectivas, o sociólogo abandonou sua pátria e partiu para a Inglaterra, depois de passar pelo Canadá, EUA e Austrália. No início da década de 70 ele assumiu o cargo de professor titular da Universidade de Leeds, permanecendo neste posto por pelo menos vinte anos. Aí ele teve contato com o intelectual que inspiraria profundamente seu pensamento, o filósofo islandês Ji Caze.
Grande parte de sua obra já foi traduzida no Brasil. Seus livros são povoados por idéias sobre as conexões sociais potenciais na sociedade contemporânea, nesta era comumente conhecida como pós-modernidade.
Os estudos sociológicos lhe permitem refletir sobre a angústia que reina nos sentimentos humanos, emoção despertada pela pressa de encontrar o parceiro perfeito, sempre mantido como meta ideal, nunca como realidade concreta.
Assim, os casais procuram manter relacionamentos abertos, que lhes possibilitem uma porta de saída para novos encontros.
A insatisfação está, portanto, constantemente presente na esfera da afetividade humana. As pessoas desejam interagir, buscam a vivência do afeto, mas não querem se comprometer.
É o que Bauman chama de amor líquido, vivenciado em um universo marcado pelos laços fluidos, que não permanecem, não se estreitam, desobedecem à lei da gravidade, ou seja, à ausência de peso. O que provoca a famosa ‘insustentável leveza do ser’, preconizada pelo escritor tcheco Milan Kundera.
Sua obra se caracteriza pela extrema perspicácia na análise dos problemas sociais que perpassam a experiência cotidiana do homem contemporâneo na conjuntura valorativa que é denominada pelo autor como “Modernidade Líquida”.
Bauman define modernidade líquida como um momento em que a sociabilidade humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada nos seguintes processos: a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no espaço social; a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e competição; o enfraquecimento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, gerando um permanente ambiente de incerteza; a colocação da responsabilidade por eventuais fracassos no plano individual; o fim da perspectiva do planejamento a longo prazo; e o divórcio e a iminente apartação total entre poder e política.
Bauman crê que os relacionamentos a dois não podem se desenrolar à parte da cena social, das regras do jogo estabelecidas pela sociedade global. Nada pode, segundo ele, fugir deste complexo panorama, do moderno fenômeno conhecido como globalização. Aliás, o autor é também famoso por suas agudas pesquisas sobre os vínculos entre os tempos modernos, o Holocausto e o frenético consumo da era pós-moderna.
Para o sociólogo, a fluidez dos vínculos, que marca a sociedade contemporânea, encontra-se inevitavelmente inserida nas próprias características da modernidade, discussão esta que está perfeitamente retratada nas primeiras obras do autor. É impossível fugir das consequências da globalização, com suas vertiginosas ondas de informação e de novas idéias. Tudo ocorre com intensa velocidade, o que também se reflete nas relações entre as pessoas.
No Brasil é possível encontrar pelo menos dezesseis de seus livros traduzidos para o português, todos pela Jorge Zahar Editor. Entre eles os principais são Amor Líquido, Globalização: as Conseqüências Humanas e Vidas Desperdiçadas.
“Amor liquido” é talvez o livro mais popular de Bauman no Brasil. É neste livro que o autor expõe sua análise de maneira mais simples e próxima do cotidiano, analisando as relações amorosas e algumas particularidades da “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação.
Vivemos
tempos líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os
relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.
A modernidade imediata é "leve", "líquida", "fluida" e infinitamente mais dinâmica que a modernidade "sólida" que suplantou. A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. Zygmunt Bauman esclarece em seus textos, como se deu essa transição levando o leitor a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta.
A modernidade imediata é "leve", "líquida", "fluida" e infinitamente mais dinâmica que a modernidade "sólida" que suplantou. A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. Zygmunt Bauman esclarece em seus textos, como se deu essa transição levando o leitor a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta.
Bauman
tenta mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva, já que todos
querem relacionar-se. Entretanto, não conseguem, seja por medo ou
insegurança. As
relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar
com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar
problemas em cima de problemas.
É um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis.
É um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis.
Acostumados
com o mundo virtual e com a facilidade de “desconectar-se”, as pessoas
não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. É um amor criado
pela sociedade atual (modernidade líquida) para tirar-lhes a
responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. Pessoas estão
sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito
descarta-se - ou até mesmo troca-se por "versões mais atualizadas".
O
romantismo do amor parece estar fora de moda, o amor verdadeiro foi
banalizado, diminuído a vários tipos de experiências vividas pelas
pessoas as quais se referem a estas utilizando a palavra amor. Noites
descompromissadas de sexo são chamadas “fazer amor”.
Não
existem mais responsabilidades de se amar, a palavra amor é usada mesmo
quando as pessoas não sabem direito o seu real significado.
Ainda
para tentar explicar a relações amorosas em “Amor Líquido”, Bauman fala
sobre “Afinidade e Parentesco.” O parentesco seria o laço irredutível e
inquebrável. É aquilo que não nos dá escolha. A afinidade é ao
contrário do parentesco.
"Voluntária",
esta é escolhida. Porém, e isso é importante, o objetivo da afinidade é
ser como o parentesco. Entretanto, vivendo numa sociedade de total
“descartabilidade”, até as afinidades estão se tornando raras.
Bauman
fala também sobre o amor próprio: o filósofo afirma que as pessoas
precisam sentir que são amadas, ouvidas e amparadas. Ou precisam saber
que fazem falta. Segundo ele, ser digno de amor é algo que só o outro
pode nos classificar.
O
que fazemos é aceitar essa classificação. Mas, com tantas incertezas,
relações sem forma - líquidas - nas quais o amor nos é negado, como
teremos amor próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos
instáveis, e assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é
caminhar na neblina sem a certeza de nada - uma descrição poética da
situação.
"Para
ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente
indispensáveis [...] um é segurança e o outro é liberdade. Você não
consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles.
Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um
completo caos.
Você
precisa dos dois. [...] Cada vez que você tem mais segurança, você
entrega um pouco da sua liberdade. Cada vez que você tem mais liberdade,
você entrega parte da segurança. Então, você ganha algo e você perde
algo", afirma o filósofo.
Estamos cada vez mais aparelhados com iPhones, tablets, notebooks, etc. Tudo para disfarçar o antigo medo da solidão.
O
contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja
marca principal é a ausência de comprometimento. Este texto tem como
base a ideia do "ser líquido", característica presente nas relações
humanas atuais. Inspirado na obra "Amor Líquido" - sobre a fragilidade
dos laços humanos, de Zigmunt Bauman.
As
relações se misturam e se condensam com laços momentâneos, frágeis e
volúveis. Num mundo cada vez mais dinâmico, fluído e veloz. Seja real ou
virtual.
Em 1989 ele conquistou o prêmio Amalfi, por sua publicação Modernidade e Holocausto; em 1998, obteve a premiação Adorno, pela totalidade de sua obra.
“Sem meias palavras, o capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência.” Zygmunt Bauman
Modernidade e Holocausto:
Vencedor do prêmio Amalfi, concedido ao melhor livro de sociologia publicado na Europa em 1989, "Modernidade e Holocausto" discute o que a sociologia pode nos ensinar sobre o Holocausto, concentrando-se mais particularmente, porém, nas lições que o Holocausto tem a oferecer à sociologia.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman ressalta como o significado do Holocausto pôde ser subestimado em nossa compreensão de modernidade: ora o Holocausto é reduzido a algo que aconteceu com os judeus, ora é visto como representando aspectos repulsivos da vida social que o progresso da modernidade irá gradualmente superar.
Não há nada comparável a esse livro na literatura sociológica. Sutil, porém intenso e perturbador, causará grande impacto tanto naqueles que lidam diretamente com a disciplina da sociologia como nos interessados por um dos fenômenos mais terríveis de nosso tempo.
Hoje, aos 89 anos, imigrante em Londres, é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Ele ainda dá aulas na London School of Economics, ministra palestras pelo mundo inteiro e publicou quatro dezenas de livros que viraram best-sellers.
Em 1989 ele conquistou o prêmio Amalfi, por sua publicação Modernidade e Holocausto; em 1998, obteve a premiação Adorno, pela totalidade de sua obra.
“Sem meias palavras, o capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência.” Zygmunt Bauman
Modernidade e Holocausto:
Vencedor do prêmio Amalfi, concedido ao melhor livro de sociologia publicado na Europa em 1989, "Modernidade e Holocausto" discute o que a sociologia pode nos ensinar sobre o Holocausto, concentrando-se mais particularmente, porém, nas lições que o Holocausto tem a oferecer à sociologia.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman ressalta como o significado do Holocausto pôde ser subestimado em nossa compreensão de modernidade: ora o Holocausto é reduzido a algo que aconteceu com os judeus, ora é visto como representando aspectos repulsivos da vida social que o progresso da modernidade irá gradualmente superar.
Não há nada comparável a esse livro na literatura sociológica. Sutil, porém intenso e perturbador, causará grande impacto tanto naqueles que lidam diretamente com a disciplina da sociologia como nos interessados por um dos fenômenos mais terríveis de nosso tempo.
Hoje, aos 89 anos, imigrante em Londres, é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Ele ainda dá aulas na London School of Economics, ministra palestras pelo mundo inteiro e publicou quatro dezenas de livros que viraram best-sellers.
Vídeo: Zygmunt Bauman - Fronteiras do Pensamento
http://www.infoescola.com/biografias/zygmunt-bauman/
http://www.zahar.com.br/autor/zygmunt-bauman
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