Vida Bloqueada
Osvaldo Shimoda
Quando exercia a psicoterapia convencional como psicólogo há muito tempo, não aceitava -e nem entendia- o termo resignação, pois achava que uma pessoa resignada era alguém passivo, sem iniciativa, inerte, conformista, fatalista diante da vida (no dicionário Aurélio resignação é "a sujeição paciente às agruras, dissabores da vida").
Não distinguia a passividade da resignação, achando que era tudo a mesma coisa, sinônimos. Era, portanto, ignorante acerca do funcionamento da vida, pois acreditava que somos 100% responsáveis pela condução de nossas vidas, do nosso destino.
Até que me vi numa situação (na verdade, fui colocado em prova pela espiritualidade, embora na ocasião não tivesse essa consciência) em que tentei de tudo para mudar, reverter o meu problema na época -financeiro e profissional-, mas não conseguia.
Isso me deixou muito frustrado, revoltado, indignado e impotente, pois achava que éramos "senhores absolutos" de nossos destinos. Estava de acordo com a literatura de auto-ajuda que prega que você pode mudar sua vida, seu destino, mas que "só depende de você".
Não tinha o esclarecimento que esse planeta é de provas e expiações, isto é, de testes e reparação de erros cometidos em outras vidas, e que existe, portanto, a lei da causa e efeito (também chamada de lei do retorno, da semeadura, que se traduz no dito popular "Você colhe o que planta").
Vim a compreender que é por isso -em muitos casos- que não podemos mudar determinados acontecimentos em nossas vidas, mas, sim, como vamos reagir a esses acontecimentos.
Posteriormente, vim a perceber que a falta de paciência, a intolerância, a presunção, a arrogância e querer controlar a vida, estavam presentes em minhas atitudes.
Desconhecia que quanto mais carmas contraímos (dívidas, pendências de erros, ações negativas cometidas no passado) menor será a nossa autonomia, a liberdade de escolhas; o contrário, maior o poder de escolhas, de mudar nossas vidas. Em outras palavras, a semeadura(ação) é livre, mas a colheita (resultado) é certa, obrigatória.
Finalizo esse artigo, resumindo tudo que falei através de uma oração singela, curta, porém, profunda, de grande sabedoria, e que hoje busco seguir em minha vida: "Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos mudar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras".
Comentários