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Os Amigos de Caminhada!

Nem a melhor canção do mundo iguala o poder da quietude

Hi friends, happy Monday! I am back from my quick jaunt to Ontario and am settling back into reality and lots of work. Our vacation was amazing but flew by in the blink of an eye. I have to say...
A importância de desfrutar de duas horas de silêncio por dia
Ana G. Moreno

Nem a melhor canção do mundo iguala o poder da quietude, que traz benefícios ao coração e ao cérebro

O silêncio pode parecer um capricho inalcançável. Numa sociedade de debatedores de televisão gritões, na qual se compete para encher as casas de telas e a timidez é injustamente associada a temperamentos fracos e pusilânimes, abaixar o volume não está na moda. E pagamos uma conta muito alta por isso.

O médico e pesquisador Luciano Bernardi foi um dos primeiros a responder afirmativamente a essa questão, com um estudo publicado na revista Heart. “Estávamos investigando os efeitos de diferentes tipos de música nos sistemas cardiovascular e respiratório e introduzimos pausas de dois minutos entre os trechos das canções. Então, vimos que os indicadores de relaxamento humano disparavam durante esses episódios, muito mais do que com qualquer música ou durante o silêncio anterior ao início da experiência”. O efeito positivo do silêncio, por conseguinte, funciona por contraste.

“Não é preciso se isolar completamente. Basta viver uma vida normal, com especial atenção para a calma. Na verdade, nenhum cérebro humano aguenta o silêncio total. Existem câmaras anecóicas que reproduzem, no ambiente médico, o que há de mais parecido ao silêncio absoluto, e ninguém consegue ficar mais de 40 minutos dentro delas, porque o cérebro está sempre à procura de estímulos e se não os encontra fora, amplia o ruído do coração, dos intestinos”, continua o cientista.

Silêncio é ler, pensar com frequência, não se deixar levar e parar, caso necessário. Mas o silêncio também é ouvir (quando se faz para aprender) e colocar na linha de fogo a reflexão silenciosa. “O zen vai por aí. Sentir essa calma em todo o seu corpo e experimentá-la a cada dia”, ilustra o monge Roshi Gensho Hozumi, do templo Tekishinjuku (Japão), no documentário In Pursuit of Silence [Na Busca do Silêncio] (Patrick Shen, 2015).

O apito constante de um grupo do WhatsApp não é, por acaso, um ruído? Depende. “O som é um fenômeno físico que atinge o ouvido. Este o envia para o cérebro e o identifica. Quando se torna ruído? Quando se intromete naquilo que estou tentando fazer e assume a forma de som desagradável não desejado”, responde a doutora Arline Bronzaft, psicóloga ambiental. Agora, seja sincero: o seu celular emite ruídos ou sons?

Das nossas decisões cotidianas dependerá que nos encharquemos, ou não, do poder do silêncio.

Em 2010, um punhado de especialistas em marketing se reuniu num restaurante em Helsinque para pensar como tornar atraente para os visitantes um país médio e remoto, eclipsado pela vanguarda de vizinhos como a Suécia ou pela grandeza histórica da Rússia. E descobriram um elemento que até então ninguém tinha ousado vender como recurso natural: o silêncio.

Descobrir pensamentos e sentimentos que não são audíveis numa vida agitada: "se você quiser conhecer a si mesmo, você tem de estar consigo mesmo, discutir com você mesmo, ser capaz de falar com si mesmo”.

Lembre-se de que, talvez pela primeira vez, cientistas e místicos concordam: o silêncio é, principalmente, uma atitude. Portanto, convém exercê-la com inteligência. Como escreveu o poeta e ativista americano Paul Goodman, nem todas as suas formas acrescentam. “Se existe o silêncio fértil da consciência, daquele que ouve e compreende quem lhe fala ou o da viva percepção alerta, também existe um tolo e apático, e outro de cheio de censura e ressentimento que vocifera sem palavras e não se atreve a abrir a boca”. Fique longe deles.

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 Ana G. Moreno- Complutense University of Madrid/Spain

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