há duzentos anos produzem-se as desaparições no Triangulo das Bermudas parte 1/6
Eram 6 horas da tarde do dia 20 de janeiro de 1973 quando nos
preparávamos para embarcar no avião que nos deveria conduzir
desde o aeroporto de Jacksonville em vôo direto, sem escalas até as
ilhas Bermudas para desfrutarmos das nossas tão esperadas férias.
Na realidade é um prolongamento do nosso descanso que tinha
começado nas praias de Miami, lugar este, onde eu e meu
companheiro de viagem tínhamos feito amizade com as outras quatro
pessoas que nos acompanhavam, todas elas de origem norteamericana.
Sentados já na aeronave comercial com mais outras
vinte e três pessoas, além da equipagem, foram divulgadas as
recomendações de rotina pelas bilíngües aeromoças e partimos, sim,
partimos, sem saber que essa partida seria para o resto do pessoal
uma viagem sem retorno e que viveriam a mais extraordinária e
derradeira aventura de suas vidas.
Meu lugar achava-se na frente da asa, desliguei-me dos meus
companheiros, pois eu não queria perder detalhes do pôr do sol.
Aqueles que têm tido oportunidade de observá-Io de um avião, sabem
o maravilhoso e emocionante quão resulta vê-Io daquela altitude
(aproximadamente doze mil metros), dada a variedade de matizes
produzidas pelas nuvens oferecendo-nos um espetáculo sem igual
que somente a natureza nos pode brindar.
Devia olhar um pouco para trás, dado que o nosso rumo era em
direção leste, a asa atrapalhava-me a visão e fazia com que seu metal
me ofuscasse, pelos raios que o sol refletia e que ao serem desviados
por algumas nuvens mais altas, davam a estas uma tonalidade
avermelhada.
Fiz compartilhar do espetáculo ao meu amigo Alexandro, que achavase
sentado a meu lado e, em silêncio continuamos nossa
contemplação, como deuses do Olimpo, dando nossa aprovação a tão
maravilhoso espetáculo de beleza que nos era oferecido por nossa
mãe natureza.
Foi nesses momentos que observamos que o resplendor das asas ia
aumentando, transformando-se num brilho luminoso, refulgente,
porém não o avermelhado recebido do sol, senão uma cor entre
amarelo e o branco, isto ia aumentando e a asa estava se
transformando num resplendor intenso, tal como a luminosidade
produzida pelo raio. Este fato começou a inquietar-nos, mas como não
tínhamos nenhuma comunicação ou alarme dimanado da cabina do
piloto, continuamos observando. Quero relatar nos mínimos detalhes
tudo o que ocorrera na continuidade, para que os leitores possam tirar
suas próprias conclusões daquilo que estava nos acontecendo.
O resplendor já tinha chegado a um grau de grande irritação para
nossas pupilas, e os outros passageiros tinham-se dado conta do que
ocorria e os comentários se generalizavam. Os que iam sentados no
lado oposto observavam idêntico fenômeno na asa do seu lado, de
repente, das mesmas começaram a desprender-se faíscas, sim,
faíscas como as que produz um pedaço de aço ao ser passado pelo
esmeril, era possível vê-Ias por todas as bordas da asa e isto alarmou
os passageiros e sobretudo as mulheres que começaram a dar
gritinhos histéricos e, pude observar como duas aeromoças e o
comissário de bordo passaram apressados, quase correndo, para a
cabina de comando.
Naquele momento escutou-se pelos alto-falantes a voz da aeromoça
que aconselhava a abotoar os cintos de segurança e a não fumar;
igualmente acendiam-se os letreiros luminosos, situados nas partes
superiores do interior do avião.
Contagiados de idêntico nervosismo, começamos de imediato a
cumprir as ordens, os comentários aumentavam, e em alguns olhos
viam-se brilhar as lágrimas, pois primeiramente pensamos que
ocorrera um curto-circuito, causado pelas faíscas que víamos nas
asas, ainda lembrei que fenômenos de eletricidade estática poderiam
produzir esses efeitos; desligaram-se todas as luzes do aparelho: as
do corredor, dos letreiros e algumas individuais que tinham sido
ligadas pelos passageiros para ler; também foi cortada abruptamente
a transmissão das palavras alentadoras que dos alto-falantes nos
fazia chegar à aeromoça.
Observei meu amigo Alexandro, seu rosto estava pálido,
indiscutivelmente o meu semblante estaria igual, sabíamos que
alguma coisa estava acontecendo com a aeronave.
Apesar da não existência de luzes, no interior do avião dava para
vislumbrar todos os detalhes, devido ao resplendor que saía das asas.
Esperávamos a qualquer momento uma explosão ou uma queda
vertiginosa, ou alguma coisa inesperada que teria que acontecer
porque aquela situação não poderia prolongar-se por mais tempo,
ainda que no mais profundo de nossas almas desejássemos que
fosse o que fosse, ficasse arrumado logo e que tudo não passasse de
um pequeno susto. Nossos desejos não se realizaram porque o que
aconteceu em nenhum momento nós poderíamos imaginá-Io por
ilógico e incomum.
O avião parecia ter parado seus motores, nada nele dava sensação
de funcionamento, não obstante mantinha-se voando, sem movimento
algum que desse para demonstrar qualquer anormalidade. Se alguém
estivesse dormindo, indiscutivelmente não teria suspeitado o que
estava acontecendo.
Instintivamente dei uma olhada no relógio e observei que o ponteiro
dos segundos não funcionava. Pensei que estava sem corda. mas
percebi que estava quase toda ela dada. Quando conservamos, o
mesmo relógio durante muitos anos. Sabemos, somente com o tato,
quanta corda lhe resta, porque já se tem integrado à nossa pessoa.
Foi por isso que perguntei ao Alexandro pela hora, este notou que
também sua máquina estava parada, quase no mesmo momento que
a minha, é dizer, eram 6h45min da tarde. Isto terminou por
desconcertar-nos e, nem ao menos, pudemos comentá-lo, quando
sentimos um som muito forte como aquele que se sente quando
entramos a muita velocidade num túnel. Quando olhei para fora, pude
observar que as faíscas da asa tinham desaparecido, mas não a
luminosidade que transformou-se em azul e, foi aí que os nossos
temores aumentaram, já que toda a aeronave começou a trepidar. .As
sacudidas eram tremendas e intermitentes, parecia que o avião não
resistiria a tanta comoção e, foi nesse momento quando se fez mais
forte a impressão de estarmos entrando num túnel, o som
ensurdecedor e a sensação de queda não era percebida na vertical,
apenas obliquamente, numa linha bem reta, talvez com destinação
definida.
Sabíamos que lá embaixo, somente nos esperavam as águas do
oceano, que estávamos longe de toda ilha ou continente; só animava
a esperança de que houvesse alguma rota marítima por perto. Mas,
esperança de que se ainda não tínhamos caído e não sabíamos se da
queda poderíamos sair ilesos.
Entre os passageiros reinava o caos, todos naquele momento
lembravam-se de Deus e o invocavam aos gritos; provavelmente
queriam lembrá-Io do importante que eram eles na terra, o bem que
se tinham comportado cumprindo e observando suas diversas
religiões e credos. Alguns tinham-se desprendido do cinto de
segurança e tentavam se aproximar da cabina, pois a partir do
momento em que começaram a ocorrer estes fatos, os membros da
equipagem não tiveram contacto conosco; a palavra e presença
destes indivíduos, tão necessárias nestas circunstâncias, brilhavam
pela sua ausência. Esta conduta deixava muito que desejar sobre as
suas imagens, ainda que eu compreendesse que, nesses momentos,
eles deveriam estar como nós, pensando sobre o futuro incerto que se
avizinhava. Aqueles destemidos que tinham a intenção de levantar-se,
voltavam de imediato aos seus assentos ao ver que o avião inclinavase
e começava a descer.
Eu, pelo meu lado, sentia uma intensa emoção, sabia que só poderia
esperar a morte,mas não estava disposto a desapontar os meus Gurus
e Rhisis da Índia dos quais tantos ensinamentos tenho recebido no que
se refere à morte, pelo que só sentia essa intensa emoção e angústia por
saber que aproximava-se algo tão emocionante como é a morte mesma.
Saber que entraria num mundo completamente diferente, outro plano,
como prefira chamar-se, mas por suposto, muito superior ao que nos
toca viver, pelo que para mim, apesar de ser jovem, não representava
não representava a morte o que para o comum da gente que pensa na
desagregação da matéria, senão, mais um bem merecido prêmio, ao
passar para um estado superior; ainda assim não acreditava ter cumprido
a missão a que me tinha forjado ou proposto antes de me encarnar nesta
matéria que ainda ostento.
O choque com a ilha já não poderia demorar, era iminente; então o
aparelho, como se tivesse sido detido no ar por uma gigantesca mão,
deteve-se, sim, deteve-se e começou a girar suavemente, como se
entrasse em espiral; novamente começou a cair mais suave, muito
suavemente e sempre girando; comecei a sentir que a minha cabeça
também girava com o aparelho, invadiu-me uma sonolência tremenda,
quis erguer-me no assento, mas somente senti que eu me afundava
para a frente, sustentado pelo cinto de segurança, já não pude erguer-me
mais, sentindo uma espécie de tontura suave e tranqüila. Não
sentia nem ruídos nem o meu corpo, nada de nada, como se entrasse
num relaxamento profundo, e nessa espécie de sonolência perdi a
noção de tudo.
Tenho os olhos fechados mas sinto uma espécie de
música suave, que é, ao mesmo tempo, uma voz que me chamava,
esta faz-se mais imperiosa e me arrasta até cair dentro de algo
parecido a uma camisa de força molhada. A sensação é
desagradável, sei que a tinha sentido antes quando realizava
relaxamento profundo por muitas horas e ao tomar contato com a
realidade do meu corpo voltava a sentir esta impressão. No fim me
adapto com meu pobre corpo porque sinto que estou nele e abro
lentamente os olhos.
Meus olhos estão abertos, sim, mas minha mente não quer aceitar o
que vem porque o considera ilógico. Oh! Não! O que se passa é muito
simples, estou morto! O que estou vendo é só o plano ao qual iria
ascender, de repente, vem à minha mente tudo o que acontecera no
avião e assim compreendo. Não o esperava tão fácil, não tenho
sofrido nenhuma dor física, não senti lesão alguma, sei que posso
mexer qualquer parte do meu corpo e isto não me produz nenhuma
dor.
De repente, meu campo visual vê-se
interceptado por uma cabeça, sim, uma cabeça de aparência
humana, não é humana ao meu entender porque continuo pensando
que estou fora do plano material. Os traços desta cabeça, do sexo
masculino, são nobres e perfeitamente delineados, maior que o
comum, em aproximadamente cinqüenta por cento; a pele totalmente
branca, é um branco quase transparente; sorri mostrando uma
dentadura perfeita, transmite uma grande paz e amizade, e isso
resulta tremendamente agradável, faz-me sentir muito bem, muito
tranqüilo, sem pensar que alguma coisa má pudesse ocorrer; da'
impressão de encontrar-me ante uma estátua grega, mas não... esta
mexe-se, sorri e fala; não escuto som algum, isto corrobora meu
pensamento de que desencarnei, mas de repente lembro que ainda
estou com meu relógio, embora não possa vê-Io. As roupas me foram
tiradas e acho-me coberto com uma espécie de camisola longa.
Creio que o "ser' que está ao meu lado falou, mas eu não escutei som
algum, interpretei claramente que me enviava uma mensagem de
tranqüilidade como que dizendo: - logo compreenderá tudo - Sempre
com esse sorriso maravilhoso que me fazia lembrar dos meus
queridos gurus, afastou-se suavemente do lugar onde eu repousava.
Ao partir, pude girar lentamente minha cabeça e segui-o com o olhar.
Em tudo, assemelhavam-se a nós; sua estatura era de
aproximadamente dois metros e meio; tudo nele era branco, seu
corpo, sua pele, cabelo e também a roupa que usava, e mesmo suas
botas. Sua Idade? indefinida, tanto poderia ter 30 como 40 anos. O
andar elástico, atlético mas suave, tão suave que parecia que se
escorregava. Tudo isso observei em breves segundos e continuei com
minha exploração nesse novo mundo que eu acreditava ter-me
correspondido logo após a minha morte.
Até aqueles momentos não pensava que pudesse ser outra coisa,
tomava-o com grande paz e sentia-me feliz sem saber porque. O
momento temido por todos nós tinha passado, havia-o superado e
dispunha a empreender a minha nova existência e pelo que apercebi
num mundo muito melhor.
Observei meu lado esquerdo; ali também havia uma maca onde se
encontrava adormecida com o semblante muito tranqüilo, Nory, a
esposa de um dos meus amigos norte-americanos. Na continuação
havia também outras macas, todas ocupadas por passageiros do
avião, os quais aparentemente dormiam placidamente.
A sala era imensa e de forma circular, tínhamos sido colocados, frente
a frente a duas saídas ou portas e, pude observar que por uma delas
retirou-se o ser que estivera junto a mim.
Ao meu lado direito encontravam-se mais cinco camas e, contíguo à
minha, achava-se meu amigo Alexandro. Podem imaginar a minha
alegria ao pensar que essa outra vida ia compartilhá-la com meu
querido amigo. A felicidade que me invadiu foi indescritível, queria
abraçá-lo, pois me falara, mas quando tencionei fazê-lo não tive
forças para erguer-me. Meus músculos estavam completamente
frouxos, isto fêz-me pensar que alguma coisa não estava bem, já não
estava tão seguro de estar desencarnado e de encontrar-me em outro
plano. Comecei a me dar conta que me encontrava dentro do meu
próprio corpo. Mil idéias acumulavam-se na minha mente. Onde
estávamos então? Quem nos estava atendendo? Tinham
atravessado, talvez, alguma barreira invisível como uma janela para
outra dimensão ou para a antimatéria, ou tínhamos viajado para o
futuro, ou estávamos nas mãos dos tão propalados extraterrestres?
Estas e outras mil perguntas eu fazia e nesses momentos me
apercebi que estava suando, outra possibilidade a menos de que
estivesse da posse de outro corpo; esse senti-o como meu e nada
original.
Ao levantar o olhar para o que eu acreditava ser o teto, observei que a
cinco metros de altura encontrava-se uma espécie de sacada,
totalmente de cristal, como postos de observação dos centros
cirúrgicos dos hospitais, de onde os estudantes podem observar as
intervenções, mas, certamente muito maiores. Estavam ocupados por
cinco daqueles seres, três masculinos e dois femininos. Podia
observá-Ios nitidamente. Seus vestuários iguais aos que descrevi do
ser anterior e aos que chamarei pelo nome da raça a que pertencem e
que logo eu saberia. Aí estavam os últimos expoentes de uma raça
que por muitos séculos foram considerados e chamados deuses em
todas as civilizações antigas e que têm deixado suas marcas e suas
obras por todo o universo. Eles eram os que ainda gostavam de ser
chamados filhos do sol, OS ALMARANS, e por este nome os
continuarei chamando.
Passamos de imediato a uma sala
contígua, de forma hexagonal; todos os quartos que conheceria daí
para frente seriam neste formato. A circular em que nos tinham
colocado em primeiro lugar, era uma sala de reabilitação, que
precisava ter essa forma de acordo com os seus conhecimentos
médicos; ali fomos bombardeados por raios por nós desconhecidos e
que tinham a propriedade de esterilizar-nos e reabilitar-nos de
qualquer afecção orgânica que pudéssemos estar sofrendo; como não
tínhamos sentido nada, não pudemos nos precaver de que ocorresse
algo assim.
Todos os que me acompanhavam encontravam-se, como eu,
completamente atônitos, pelo que nenhum articulava palavra alguma e
obedeciam cegamente as instruções dos ALMARANS, que usavam
para conosco atitudes sumamente gentis mas que denotavam firmeza
a que não se poderia deixar de obedecer.
Dentro dos quartos não existia nenhuma mobília, nem quadros e
cadeiras, a exceção de uma mesa circular baixinha no centro e que
igualmente poderia servir de mesa ou de assento.
Ao terminar de nos vestirmos, comprovei que os objetos ajustavam-se
perfeitamente; os dois gigantes que me acompanhavam pediram-me
para segui-Ias e fomos para um espaçoso corredor onde em ambos
os lados havia móveis semelhantes a poltronas, bastante grandes
para mim e, onde indicaram que devia sentar-me, fazendo eles o
mesmo; num instante as poltronas deslocaram-se para perto da
parede por onde corria uma espécie de fita transportadora, ali
acoplaram-se automaticamente e fomos deslizando pela mesma
através do longo corredor. À medida que passávamos, íamos
enxergando portas, aparentemente escritórios ou quartos em cujo
interior adivinhava-se movimento de pessoas. Também cruzamos com
muitos destes seres, mas minha presença não Ihes chamou a
atenção, como se estivessem habituados a ver-me constantemente.
Não tinha notado nenhuma modificação na minha respiração pelo que
pensei que esta gente também utilizava no seu sistema respiratório o
oxigênio na mesma proporção que nós e que, sem dúvida seu
organismo era igual ao nosso, ainda que a pele e estatura fossem
diferentes. Também notava-se uma grande superioridade física e
intelectuaI.
Terminou nosso passeio cinco minutos depois, e nos dirigimos,
sempre guiados amavelmente pelos sorridentes acompanhantes, até
uma grande sala; indicaram que deveria sentar-me numa outra
poltrona, bastante grande para o meu tamanho, que se encontrava
frente a uma grande mesa hexagonal de amplas dimensões, porém
não muito alta. Poucos minutos depois foram chegando os meus
companheiros de aventura (ou infortúnio?), os quais colocaram-se
também, em volta da mesa. Não sei porque esta gente, nos inspirava
tanto respeito ou temor que ninguém de nós atinava a falar ou fazer
perguntas. Todos estávamos como que aguardando acontecimentos,
como se a realidade não existisse ou tudo fosse um sonho do qual
cedo ou tarde acordaríamos; troquei um olhar de interrogação com
meu amigo Alexandro, e este respondeu-me com um sorriso e um
leve levantar de ombros, como dizendo: Sei tanto quanto você meu
amigo!
De improviso em nossa frente, sobre a mesa abriram-se uma espécie
de painéis, surgindo depois um grande vaso que naquele momento
me lembrou um liquidificador em cujo interior constavam várias
divisões; podia-se perceber isto já que o liquidificador estava
construído numa espécie de vidro ou plástico transparente e com
algum brilho, mas na realidade não era nenhum daqueles materiais,
dando ao seu conteúdo uma ligeira aparência de fragrância. De cada
divisão do vaso saíam canudos, seis no total, os quais aqueles seres
nos convidaram a pegar. No começo nos entreolhamos um pouco
indecisos, porém aos poucos e vencendo nossa desconfiança,
começamos a sugar daqueles líquidos. A verdade é que eram muito
agradáveis. Provei-os todos, e todos me agradaram, assemelhavamse
a sucos de frutas tropicais, um pouco espessos, que ao mesmo
tempo acalmavam nossa sede e tiravam o apetite, que por certo
naqueles momentos, era bem agudo. Enxerguei o rosto de satisfação
dos meus companheiros, os quais estavam bastante tranqüilos, como
se estivessem desfrutando de umas férias programadas. Parecia que
ninguém se lembrava de suas famílias ou problemas, que os estavam
aguardando nas suas respectivas residências.
Todos tínhamos tomado o nosso alimento, que não pude chamar de
café da manhã, almoço, merenda ou ceia, porque ignorava que horas
poderiam ser, pois o meu relógio continuava sem funcionar, não tinha
visto nenhuma janela ou abertura por onde pudesse projetar-se a luz
do sol ou a escuridão da noite; a iluminação era perfeita, tudo
continuava branco, ignorava de onde vinha a luz, parecia que as
paredes a irradiavam. Logo ficaria sabendo que efetivamente, assim
era, pois estavam forjadas num material que fazia com que se
produzisse essa luminosidade; talvez nós, em nossos avanços
tecnológicos também o conseguíssemos algum dia. Esta luz é
permanente e não produz cansaço na vista e além disto, permite
dormir perfeitamente. Em seguida abriu-se um painel na parede que
se encontrava à minha frente e do seu interior surgiu uma ampla
poltrona, na qual se encontrava sentado um daqueles gigantes,
aparentando mais idade que os anteriores, suas feições perfeitamente
delineadas davam-lhe mais ou menos 50 anos, era de aparência
venerável, com um sorriso de bondade, mas consegui adivinhar
dentro de toda aquela doçura e paz um pouco de tristeza.
Ficamos estáticos, apesar de nos encontrarmos completamente
tranqüilos no que se refere a nossa segurança pessoal pela confiança
que inspiravam estes seres. Sentimos como um recolhimento religioso
ao ficar na presença de um ser superior; a mesma sensação tinha eu
sentido quando tive a imensa alegria de ser recebido por um guru, do
qual tinha obtido certa iniciação e da qual não vem ao caso falar aqui.
Rodeava este homem uma auréola brilhante de cor dourada, a partir
dos ombros e por toda a cabeça, tal e como podemos observar nas
estampas de santos e virgens da fé católica. (Talvez assim fossem
vistos por aqueles que nos legaram suas imagens).
Começou este ser superior a nos falar, não com a linguagem comum
a que estamos habituados, mas como indiquei anteriormente,
mexendo os lábios, porém sem sair deles o som, não obstante, suas
palavras soavam nitidamente em nosso cérebro, como se tivéssemos
um rádio receptor individual no nosso interior.
Obs. nao lembro qual o livro que pesquisei este tema, mas vou procurar
e mencionarei, assim que possivel.
Comentários