há duzentos anos produzem-se as desaparições no Triangulo das Bermudas parte 2/6
Passamos de imediato a uma sala
contígua, de forma hexagonal; todos os quartos que conheceria daí
para frente seriam neste formato. A circular em que nos tinham
colocado em primeiro lugar, era uma sala de reabilitação, que
precisava ter essa forma de acordo com os seus conhecimentos
médicos; ali fomos bombardeados por raios por nós desconhecidos e
que tinham a propriedade de esterilizar-nos e reabilitar-nos de
qualquer afecção orgânica que pudéssemos estar sofrendo; como não
tínhamos sentido nada, não pudemos nos precaver de que ocorresse
algo assim.
Todos os que me acompanhavam encontravam-se, como eu,
completamente atônitos, pelo que nenhum articulava palavra alguma e
obedeciam cegamente as instruções dos ALMARANS, que usavam
para conosco atitudes sumamente gentis mas que denotavam firmeza
a que não se poderia deixar de obedecer.
Dentro dos quartos não existia nenhuma mobília, nem quadros e
cadeiras, a exceção de uma mesa circular baixinha no centro e que
igualmente poderia servir de mesa ou de assento.
Ao terminar de nos vestirmos, comprovei que os objetos ajustavam-se
perfeitamente; os dois gigantes que me acompanhavam pediram-me
para segui-los e fomos para um espaçoso corredor onde, em ambos
os lados, havia móveis semelhantes a poltronas, bastante grandes
para mim e, onde indicaram que devia sentar-me, fazendo eles o
mesmo; num instante as poltronas deslocaram-se para perto da
parede por onde corria uma espécie de fita transportadora. Ali
acoplaram-se automaticamente e fomos deslizando pela mesma,
através do longo corredor. À medida que passávamos, íamos
enxergando portas, aparentemente escritórios ou quartos em cujo
interior adivinhava-se movimento de pessoas. Também cruzamos com
muitos destes seres, mas minha presença não lhes chamou a
atenção, como se estivessem habituados a ver-me constantemente.
Não tinha notado nenhuma modificação na minha respiração pelo que
pensei que esta gente também utilizava no seu sistema respiratório o
oxigênio na mesma proporção que nós e que, sem dúvida, seu
organismo era igual ao nosso, ainda que a pele e estatura fossem
diferentes. Também notava-se uma grande superioridade física e
intelectual.
Terminou nosso passeio cinco minutos depois, e nos dirigimos,
sempre guiados amavelmente pelos sorridentes acompanhantes, até
uma grande sala. Indicaram que deveria sentar-me numa outra
poltrona, bastante grande para o meu tamanho, que se encontrava
frente a uma grande mesa hexagonal de amplas dimensões, porém
não muito alta. Poucos minutos depois foram chegando os meus
companheiros de aventura (ou infortúnio?), os quais colocaram-se
também, em volta da mesa. Não sei porque esta gente, nos inspirava
tanto respeito ou temor que ninguém de nós atinava a falar ou fazer
perguntas. Todos estávamos como que aguardando acontecimentos,
como se a realidade não existisse ou tudo fosse um sonho do qual,
cedo ou tarde, acordaríamos. Troquei um olhar de interrogação com
meu amigo Alexandro, e este respondeu-me com um sorriso e um
leve levantar de ombros, como dizendo: Sei tanto quanto você, meu
amigo!
De improviso, em nossa frente sobre a mesa, abriram-se uma espécie
de painéis, surgindo depois um grande vaso (que naquele momento
me lembrou um liquidificador) em cujo interior constavam várias
divisões. Podia-se perceber isto, já que o liquidificador estava
construído numa espécie de vidro ou plástico transparente e com
algum brilho ( mas na realidade não era nenhum daqueles materiais),
dando ao seu conteúdo uma ligeira aparência de fragrância. De cada
divisão do vaso saíam canudos, seis no total, os quais aqueles seres
nos convidaram a pegar. No começo nos entreolhamos um pouco
indecisos, porém aos poucos, e vencendo nossa desconfiança,
começamos a sugar daqueles líquidos. A verdade é que eram muito
agradáveis. Provei-os todos, e todos me agradaram, assemelhavam-se
a sucos de frutas tropicais, um pouco espessos, que ao mesmo
tempo acalmavam nossa sede e tiravam o apetite, que por certo
naqueles momentos, era bem agudo. Enxerguei o rosto de satisfação
dos meus companheiros, os quais estavam bastante tranqüilos, como
se estivessem desfrutando de umas férias programadas. Parecia que
ninguém se lembrava de suas famílias ou problemas, que os estavam
aguardando nas suas respectivas residências.
Todos tínhamos tomado o nosso alimento, que não pude chamar de
café da manhã, almoço, merenda ou ceia, porque ignorava que horas
poderiam ser, pois o meu relógio continuava sem funcionar, não tinha
visto nenhuma janela ou abertura por onde pudesse projetar-se a luz
do sol ou a escuridão da noite; a iluminação era perfeita, tudo
continuava branco, ignorava de onde vinha a luz, parecia que as
paredes a irradiavam. Logo ficaria sabendo que efetivamente, assim
era, pois estavam forjadas num material que fazia com que se
produzisse essa luminosidade. Talvez nós, em nossos avanços
tecnológicos, também o conseguíssemos algum dia. Esta luz é
permanente e não produz cansaço na vista e além disto, permite
dormir perfeitamente.
Em seguida abriu-se um painel na parede que
se encontrava à minha frente e do seu interior surgiu uma ampla
poltrona, na qual se encontrava sentado um daqueles gigantes,
aparentando mais idade que os anteriores, suas feições perfeitamente
delineadas davam-lhe mais ou menos 50 anos, era de aparência
venerável, com um sorriso de bondade, mas consegui adivinhar
dentro de toda aquela doçura e paz um pouco de tristeza.
Ficamos estáticos, apesar de nos encontrarmos completamente
tranqüilos no que se refere `a nossa segurança pessoal pela confiança
que inspiravam estes seres. Sentimos como um recolhimento religioso
ao ficar na presença de um ser superior; a mesma sensação tinha eu
sentido quando tive a imensa alegria de ser recebido por um guru, do
qual tinha obtido certa iniciação e da qual não vem ao caso falar aqui.
Rodeava este homem uma auréola brilhante de cor dourada, a partir
dos ombros e por toda a cabeça, tal e como podemos observar nas
estampas de santos e virgens da fé católica. (Talvez assim fossem
vistos por aqueles que nos legaram suas imagens).
Começou este ser superior a nos falar, não com a linguagem comum
a que estamos habituados, mas como indiquei anteriormente,
mexendo os lábios, porém sem sair deles o som. Não obstante, suas
palavras soavam nitidamente em nosso cérebro, como se tivéssemos
um rádio receptor individual no nosso interior.
- "Irmãos habitantes da superfície do Planeta Terra, dou-hes boas-vindas
em nome do nosso Conselho Supremo, Diretores, Superiores e
Irmãos, todos de nossa raça Almaran. Quero dizer que não sofreis
dano físico algum, tudo será dado, nada será cobrado em volta, mas
desde este momento sinto-me na obrigação de vos comunicar que o
vosso retorno à superfície e à vida anterior é completamente
impossível, e que este é o mundo bem diferente daquele que
conheceis, portanto deveis adaptar-vos a ele.
O silêncio que até aquele momento tinha reinado rompeu-se como que por encanto,
todos nós queríamos falar ao mesmo tempo, exigindo explicações, as
mulheres soluçavam e estavam à beira do histerismo, alguns dos
homens estavam desesperados, e principalmente o piloto, cuja
presença se fez destacar ( era quem mais queria falar, dando ênfase
ao cargo que ocupava e às responsabilidades que tinha).
O superior ergueu-se, pediu calma, sempre com seu sorriso de
compreensão e sentimos na nossa mente como um estouro que nos
relaxou e nos fez recobrar a calma e o silêncio; imediatamente
continuou com seu peculiar modo de expressão sempre
demonstrando seu autocontrole e domínio dos outros.
- "Irmãos, começarei relatando o que Ihes têm acontecido e, não só
escutareis como o enxergareis, para o que vos peço dirijais vosso
olhar para cima...
(Por cima dele e acoplado na parte superior do painel
achava-se uma meia esfera, muito grande, da cor do aço. Não
obstante a luz reinante, podia-se ver perfeitamente o écran do
aparelho, que poderíamos comparar com um ultra-moderno televisor a
cores e, o que mais poderosamente chamou nossa atenção foi o fato
de que as imagens eram transmitidas em três dimensões, como se
estivéssemos assintindo as cenas em forma direta).
Então ali, apresentou-se-nos um avião em pleno vôo; reconhecemos
de imediato nosso próprio avião, não podia ser outro, já que nos
tinham prometido mostrar todos os fatos acontecidos. Depois a
imagem nos mostrou uma imensa plataforma metálica sobre o mar,
inicialmente parecida com uma ilha, mas depois nos apercebemos de
que era artificial. Do centro desta plataforma abre-se uma cavidade de
onde começa a sair um enorme barulho, depois uma radiante luz que
se projetava nas alturas e deu de cheio na aeronave. O facho na
forma de refletor acompanha durante um trecho o avião, e depois dá a
impressão como se o detivesse no ar e começa a trazê-lo para a ilha
na forma direta, porém diagonalmente. O avião vem baixando a
grande velocidade. e de repente pára e começa a girar suavemente. Ao
chegar à grande abertura da plataforma, deixa de girar e penetra pela
mesma. Tudo isto estava sendo comandado de quatro cubículos ou
torretas que se encontravam ao redor do grande fosso e que se
assemelha com os iglus dos esquimós; ali vemos estes seres
manobrando uma série de aparelhos e controles como os das cabines
dos aviões.
Uma vez engolido o avião no interior da plataforma, grandes pranchas
de metal cobriram automaticamente a abertura, e, a plataforma toda
submergiu-se, ficando totalmente coberta pelas águas do Atlântico.
Depois, tudo pareceu voltar à monotonia milenar do Oceano.
Agora o écran devolvia-nos a imagem do avião que, pousando sobre
um enorme elevador, parecia descender às profundidades. Logo
saberíamos que tinha percorrido aproximadamente 3.000 metros sob
o nível do mar. Terminou seu percurso numa ampla prancha onde o
esperava um grupo destes seres, os quais de imediato deram-se à
tarefa de abrir o avião e começaram a retirar, com grande delicadeza
os corpos inconscientes dos passageiros. Sim, éramos nós, e
estávamos colocados em macas acolchoadas que se encontravam
sobre uma fita transportadora, e nos conduziam até uma sala, onde
um a um fomos desvestidos, depois passaram nossos corpos por
debaixo de uma série de aparelhos que projetavam raios de diversas
cores( estes eram, segundo transmitiu-nos o Superior, raios que
cumpriam a missão de destruir todo germe ou bactéria que
pudéssemos transportar), e produziam uma reestruturação total do
corpo para aqueles que estivessem afetados de alguma doença.
Após passar por estes aparelhos, recebemos uma espécie de banho
com espuma que saía de múltiplas torneiras (como automóveis
dentro de lavadores automáticos). Passamos depois pela secagem
com ar e, por último, nos colocaram as camisolas que vestíamos
quando acordamos. Também, por outra série de fitas transportadoras,
fomos expedidos à sala circular que já tivemos oportunidade de
descrever.
Pude observar que um casal de velhos e uma freira de bastante idade
que se encontravam entre os passageiros foram encaminhados para
outras dependências e naquele momento não se achavam ali conosco
contemplando a transmissão dos fatos. Na realidade, nunca mais vi
estas pessoas, depois ficaria sabendo do fim das mesmas.
A voz que nos chegava de forma tão esquisita nos falou da situação
deles para conosco, quando do seqüestro do avião, e o fato de que não
nos encontrássemos todos lá, naquele instante. Compreendemo-lo
quando tivemos conhecimento do seguinte relato:
-"Somos, disse o Superior, descendentes dos habitantes do planeta
que vocês conhecem como Vênus. Encontramo-nos aqui há
aproximadamente 9.000 anos, por causa dos fatos que aparecerão a
seguir no écran".
Efetivamente apresentou-se-nos, girando suavemente, um planeta
coberto por uma massa irregular parecida com nuvens, mas de uma
cor cinzenta; dava a impressão de uma grande massa de levedura.
Depois a imagem atravessaria aquelas densas e compactas nuvens e
nos mostraria a superfície do planeta sob uma luz entre avermelhada
e azulada. Viam-se os mares e continentes, ao aproximar-se mais na
imagem observamos que as terras tinham grandes zonas coloridas, verde,
marrom e amarelo; montanhas baixinhas e cidades que nos pareciam
gigantescas, de arquitetura bem diferente das conhecidas por nós e
na sua maior parte construídas com pedras lavradas com perfeição e,
sempre na base das referidas montanhas.
A terra firme estava dividida em duas seções e interligando-as
percebiam-se algumas ilhas. Chamou-me a atenção não ver estradas,
embora observássemos grande quantidade de veículos de diversas
altitudes, mas a maioria o fazia muito baixo. A voz que chegava até
nós dizia que os mesmos eram propulsados por pequenos aparelhos
acoplados aos veículos que produziam um campo de antigravitação e
que, por meio de simples controles, podiam ser dirigidos ao seu belprazer.
Todavia, não queimando combustível impediam a
contaminação do ar. Vimos também todas as praias, de areias muito
brancas, o mar transparente e de tonalidades mutantes,
assemelhando-se bastante às praias cariocas do Brasil. Tudo isto ia
passando no écran, rapidamente. Também foi-nos mostrada a vida em
família destes seres, em sociedade, praticando diversos esportes,
além de muitos aparelhos desconhecidos para nós, mas a voz ia
explicando as respectivas finalidades. Igualmente viam-se movimentar
naves a grande altitude e velocidade, de estranhas formas, na maior
parte cilindricas.
Estivemos assim um bom período de tempo vendo como desenvolvia-se
a vida desta gente, que aparentava felicidade, paz e bonança.
Também, devo acrescentar que nos mostraram o que eram os seus
aeroportos, onde decolavam as naves; naves de grande tamanho, que
segundo explicou-nos a voz, provinham de viagens de muitos anos
pelo espaço infinito em visita a outros planetas.
A voz também nos disse, que naquela época tinham tido contato com
habitantes do nosso planeta, especificamente, com os do continente
da Atlântida, desaparecida depois da hecatombe produzida por eles
mesmos ( os Atlantes) e os quais, segundo o nosso narrador, tinham estatura física
quase como a deles. Explicou-nos que tinha sucumbido tal civilização,
por não saber manobrar com as forças que possuía da natureza.
Continuou dizendo-nos:
- "Esta desgraça acontecida a vossos
antepassados teria que haver servido de exemplo a nós, mas não foi
assim, e por isto fomos também castigados pela natureza. Observem
o que nos sucedeu".
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