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Os Amigos de Caminhada!

Reflexões Espirituais para um Nova Terra


                           Deixar Fluir

Em muitos seres existe hoje uma urgência, uma necessidade
existencial de corrigir o mundo, de sarar as feridas de uma
civilização esquecida de si mesmo; distante dos propósitos
maiores que a ela estavam destinados. Uma urgência que se
torna cada vez mais presente em todos aqueles que
assumiram um compromisso para com a humanidade. O
compromisso de caminhar de coração aberto diante do olhar cego
daqueles que só acreditam naquilo em que podem tocar, mostrando
que esse tocar é mais profundo, mais vasto; que tocar com o coração
é sentir a unidade de todas as coisas na força transmutadora dessa
energia maior a que chamamos AMOR.
Mas essa urgência deixa-nos inquietos, confusos do caminho a
percorrer. Como poderemos ter a certeza que caminhamos pelos
trilhos do nosso destino? Que todas as experiências vividas nos
conduzirão ao momento certo, à tarefa exacta, ao lugar que nos
corresponde num Plano Maior do qual somos um elemento
essencial? A resposta é simples e resume-se, tal como se de um
mantra se tratasse, na seguinte frase: "Deixar Fluir". O efeito destas
palavras deveria ser mágico para todos nós, trazendo, com o simples
ato de as pronunciar, a PAZ.
Se hoje estamos no lugar onde nos percebemos, se por caminhos
misteriosos nos foi dado encontrar pessoas importantes para o nosso
processo tridimensional, viver situações inesperadas e regeneradoras
de energias estagnadas em nós, é porque foi esse mesmo fluir que
nos levou até lá. Nenhum estratagema mental, nenhum plano por
mais elaborado que seja, nos levará ao destino que nos compete
cumprir, pois se assim fosse essa condução estaria nas mãos da
personalidade e não da Alma.
A personalidade é como uma pessoa perdida dentro de um labirinto
que ela julga conhecer ao pormenor e onde, para seu próprio
desespero, se disso tiver consciência, repete constantemente os
mesmos erros, passando pelos mesmos lugares, tropeçando nos
mesmos obstáculos, batendo infindáveis vezes com a cabeça nos
mesmos becos sem saída numa encenação repetida na ilusão
dolorosa de quem julga saber por onde caminha. Pois não sabe!

Quando mais a personalidade procura mais perdida fica nesse
emaranhar de corredores. Apenas quando ela parar de procurar e
entregar essa condução à Alma, que por cima do labirinto vê todos os
caminhos, é que finalmente, num doce fluir de quem é conduzido por
mãos mais sábias, ela encontrará o trilho do seu destino.
Não foi esse fluir sem aparente rumo que, tal como folha sobre as
águas de um rio, nos conduziu ao lugar onde nos encontramos? Não
deveríamos, uma vez mais, confiar nessas mãos sábias que sabem
exactamente a tarefa que nos está destinado cumprir; o espaço e o
tempo certo de uma vivência contínua no olhar de quem antes
mesmo de encarnar tudo pôde testemunhar de um caminho por si
predestinado e escolhido? Porquê a ansiedade, então; a dúvida e a
incerteza que tantas vezes se instalam? Não caminhamos pelo trilho
de uma existência dedicada ao mundo, de uma missão de quem se
propôs ajudar a humanidade nestes tempos difíceis? Se tudo
entregarmos a Deus, o que recear? Não somos todos nós autoconvocados
numa tarefa que assumimos diante dos nossos Irmãos
Maiores, propondo-nos ajudar na elevação daqueles que
compartilham este planeta connosco? Repitam, pois, comigo, esta
simples frase: "Deixar Fluir". Deixar que a corrente desse imenso rio
nos conduza à enseada do destino que nos compete cumprir sem
desejar alcançar nenhuma das margens, pois se o fizermos a estas
ficaremos presos; estagnados nos charcos pantanosos de onde
dificilmente sairemos.
"Deixar Fluir" não é inércia, mas prontidão. E não é inércia porque
sabemos que uma mão maior nos conduz. "Deixar Fluir" é como um
bombeiro no quartel, pronto a correr a qualquer eventualidade se a
sirene tocar mas que, enquanto espera, simplesmente deixa que o
tempo flua docemente na tranquilidade de quem sabe que está ao
serviço de uma causa maior. Se assim não fosse e ele deixasse o
quartel por não ter suportado o silêncio e a espera, seguindo outros
caminhos, a sirene tocaria e ele não estaria pronto para actuar. Mas
se ele ficar no quartel, mesmo sem saber da tarefa que lhe
corresponde desempenhar, quando a sirene tocar ele estará pronto e
tudo largará para cumprir o seu destino, pois sabe que essa é a sua
única função.
Enquanto espera, no entanto, as suas palavras são: "Deixar Fluir".
E este é o caminho direto para a PAZ.

Do livro: Reflexoes Espirituais para uma Nova Terra - Pedro Elias

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