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A espiral do renascimento



A espiral do renascimento
Paulo Coutinho

Aparentemente, a reencarnação é, na atualidade, um dos mais controversos tópicos da espiritualidade. Centenas de livros sobre o tema são publicados, como se o mundo ocidental tivesse apenas recentemente descoberto esta antiga doutrina.
 A reencarnação é uma das mais valiosas lições de várias religiões. A ciência de que esta vida é apenas uma entre muitas, de que não deixamos de existir quando o corpo físico morre, mas sim renascemos em outro corpo, responde a um grande número de perguntas, mas gera outras tantas.
 Por quê? Por que reencarnamos? A reencarnação é o instrumento pelo qual nossas almas são aperfeiçoadas. Uma vida não basta para atingir tal objetivo; portanto, a consciência (alma) renasce inúmeras vezes, cada vida englobando um grupo diferente de lições, até que a perfeição seja atingida.
 É impossível determinar quantas vidas são necessárias para tanto. Somos humanos e é fácil aderir a comportamentos não evolucionários.
 Cobiça, Ira, Ciúmes, Obsessão e todas as nossas emoções negativas inibem nosso crescimento.
 Devemos fortalecer nossos corpos, mentes e almas. Certamente, vivemos vidas terrenas “plenas e produtivas”, não devemos viver para prejudicar ninguém.
 A alma não tem idade, sexo ou físico, possuindo a centelha divina da Deusa e do Deus. Cada manifestação da alma (por exemplo, cada corpo que habita a Terra) é diferente. Não existem dois corpos ou vidas exatamente iguais. Se não fosse assim, a alma estagnaria. Sexo, raça, local de nascimento, classe econômica e todas as outras individualidades da alma são determinadas por suas ações em vidas passadas e pelas lições necessárias à vida presente.
 Isto é de suma importância : nós decidimos o desenrolar de nossas vidas. Não há deus, maldição, força misteriosa ou destino sobre o qual possamos atirar a responsabilidade pelos fatos de nossas vidas. Nós decidimos o que precisamos aprender para evoluir e, então, espera-se, durante essa reencarnação, trabalharmos em busca desse progresso. Caso contrário, regressamos às trevas.
 Existe um fenômeno que atua como auxiliar no aprendizado das lições de cada existência, o qual é chamado de carma. O carma é geralmente mal-compreendido. Não é um sistema de recompensas e punições, mas sim um fenômeno que orienta a alma em direção a ações evolutivas. Destarte, se uma pessoa pratica ações negativas, receberá ações negativas em troca. O bem atrai o bem. Com isto em mente, sobram poucos motivos para praticar atos negativos.
 Carma significa ação, e é desta forma que atua. Como uma ferramenta, não uma punição. Não há como “apagar” o carma, assim como nem todos os eventos aparentemente terríveis de nossas vidas são um subproduto do carma.

Só aprendemos com o carma quando temos ciência dele. Muitos buscam em suas vidas passadas a descoberta de seus erros, para solucionar os problemas que estão inibindo seu progresso nesta vida. Técnicas de transe e meditação podem ser úteis, mas o verdadeiro autoconhecimento é o melhor meio para atingir este fim.
 A regressão a vidas passadas pode ser perigosa, pois envolve uma grande carga de autodesilusão. É impossível contabilizar quantas Cleópatras, Reis Artur, Merlins, Marias, Nefertitis e outras pessoas famosas do passado já encontramos por aí usando tênis e jeans. Nossas mentes conscientes, que buscam encarnações passadas, agarram-se facilmente a esses ideais românticos. Se isto é um problema; se não deseja conhecer suas vidas passadas,ou não tem como fazê-lo, observe esta existência. Pode descobrir qualquer dado relevante sobre suas vidas passadas ao observar esta vida. Se solveu seus problemas em vidas passadas, estes não mais lhe dizem respeito. Caso contrário, os mesmos problemas ressurgirão; portanto, concentre-se nesta vida.
 A noite, analise seus atos do dia, atentando tanto para ações e pensamentos positivos, bem como para os negativos. Analise a seguir a semana que se passou, o ano, a década. Consulte agendas, diários ou antigas cartas em seu poder para refrescar sua memória.Você continuamente comete os mesmos erros? Em caso positivo, jure nunca mais repeti-los, num ritual concebido por você mesmo. Em seu altar, você pode escrever tais erros num pedaço de papel. Podem ser inclusas emoções negativas, medos, prazeres desmedidos, permissão que outros controlem sua vida, intermináveis obsessões amorosas para com homens/mulheres indiferentes a seus sentimentos. Enquanto escreve, visualize-se agindo dessa forma no passado, não no presente. A seguir, acenda uma vela . Segure o papel sobre a chama e atire-o num caldeirão ou em outro recipiente a prova de fogo. Grite , ou simplesmente afirme para si mesmo – que tais ações do passado não fazem mais parte de você. Visualize sua vida futura livre de tais comportamentos nocivos, limitadores, inibidores. Repita o ritual enquanto for necessário, talvez em noites de lua minguante, para levar a cabo a destruição desses aspectos de sua vida. Se ritualizar sua determinação em progredir nesta vida, seu juramento liberará sua força. Quando sentir-se tentado a reincidir em seus velhos modos de agir ou pensar, lembre-se do ritual e sobreponha essa necessidade com seu poder. O que acontece após a morte? Apenas o corpo fenece. A alma sobrevive.

Diz-se que a alma revê a última vida, talvez de um modo misterioso ,com as deidades. Isto não é um julgamento, uma pesagem da alma de um dada pessoa, mas sim uma revisão encarnatória. Lança-se luz sobre as lições aprendidas ou ignoradas. Após um período apropriado, quando as condições  estiverem favoráveis, a alma reencarna e reinicia-se a vida. A pergunta final: o que ocorre após a última encarnação? Alguns ensinamentos dizem que após subir a espiral da vida, morte e renascimento, as almas que atingiram a perfeição liberam-se para sempre desse ciclo e coabitam com a Deusa e com o Deus. Nada é desperdiçado. A energia residente em nossas almas retorna à fonte divina da qual se originou. A morte é vista como a porta para o nascimento. Portanto, nossas próprias vidas estão simbolicamente ligadas aos infindáveis ciclos das estações que moldam nosso planeta. Não tente forçar-se a acreditar na reencarnação. Conhecer é muito superior a acreditar, pois o acreditar é próprio dos mal-informados.
 Não é muito sábio aceitar uma doutrina importante como a reencarnação sem estudá-la para saber se ela realmente lhe atrai. Além disso, apesar de poderem existir fortes conexões com os que amamos, acautele-se quanto à noção de almas companheiras, como, por exemplo, pessoas que tenha amado em outras vidas e que você esteja destinado a amar novamente. Por mais sinceros que seus sentimentos e crenças possam ser, eles nem sempre se baseiam em fatos. Um dia você saberá, e não só acreditará, que a reencarnação é tão real quanto uma planta que dá botões, floresce, espalha sua semente, seca e gera outra planta à sua imagem. A reencarnação foi provavelmente intuída pelos povos antigos quando estes observavam a natureza. Até que tenha chegado a uma conclusão própria, você pode desejar refletir sobre e considerar a doutrina da reencarnação.

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