Estamos Sós: a receita está errada!
Estamos Sós: a receita está errada!
por:Domício Martins Brasiliense
Sou parte de sua solidão...
Porque me fechei na minha própria e, dessa forma, fomos criando uma grande corrente de solidões. Um a um propagando um sentimento de tristeza que provoca um fechamento em si, que chamamos de estado ensimesmado. A conseqüência disso? Todos morando no mesmo planeta, mas isolados por seus sentimentos.
Ouvimos muito a expressão "não estamos sós", mas o que isto quer dizer exatamente? Sem dúvida alguma, expressa que existem outras vidas, outras formas ou outros campos de forças e energia, etc. Em contrapartida, este tipo de pensamento pode nos aprisionar mais ainda no estado enclausurado em que nos encontramos, ratificando o "estatus quo".
Todos nós temos motivos e justificativas para a vida que possuímos hoje e o que fazemos com ela, mas será esta toda a verdade? Será que a vida é só isto? Pensemos: nossa vida é o hoje ou poderia ser algo maior, mais dinâmico, diferente, com mais tempero ou mais temperança, etc.? Queixamo-nos das coisas e pessoas, mas não nos abrimos a nós mesmos, pensando diferente. Por incrível que pareça, nós pensamos errado! Não que sejamos culpados, até porque a culpa nos aprisiona e não podemos continuar a cair nesta armadilha; chega de repetições.
Mas, parece que não somos criativos. Nos dicionários encontramos a seguinte definição para criatividade: que é capaz de criar, de inventar, de imaginar qualquer coisa de novo, de original, que manifesta criatividade: um espírito criativo. Qual foi a última vez que exercemos este potencial e realizamos algo inovador ou destemido? Pensemos por alguns instantes... A resposta encontrada provavelmente acusa seu estado atual e sua carência, portanto, sua solidão. Então, cada um de nós encontra um tipo de resposta, mas partilhamos da mesma solidão: a prisão coletiva.
Talvez nosso maior equívoco seja a "forma" que damos às coisas, fazendo com que nos tornemos "formatados". Então, como numa fábrica com produção em grande escala, somos montados como iguais para que atuemos na vida como cópias e atinjamos os mesmos resultados esperados. Aí vamos, desta "forma", através dessa fôrma, levando a vida. Um dia passa, vários dias passam e eles trazem anos que suscitam desconforto e angústia pelas dúvidas que temos em relação à vida. Pior, ficamos a nos culpar por tudo isso, o que provoca a estagnação e sensação de exclusão; a triste e equivocada percepção de sermos uma peça com defeito na fábrica das "fôrmas".
Por tudo isso somos partes uns dos outros, partes da solidão de cada um; co-responsáveis pelo o que cada um sente ? (sente, do verbo sentir, que significa: perceber o que se passa em si; ter como sentimento = experimentar). Eis nossa proposta: experimentar-se numa outra forma de ser e coexistir para que possamos viver em coletividade, dando adeus à fôrma.
Sejamos então uma nova receita, numa fôrma ainda não inventada, mas com ingredientes válidos; aí seremos um ser para várias porções.
Domício Martins Brasiliense e' terapeuta
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